Quem foi que tocou na minha capa?
Marcos
5.30 (leia 5.21-43) – NTLH
Jesus é personagem central dos evangelhos. Se
desviarmos a nossa atenção para as pessoas ao seu redor veremos apenas verdades
secundárias. É a pessoa de Jesus que dá sentido a tudo que acontece. O episódio
de Jesus e a mulher desesperadamente enferma revela facetas importantes do
Mestre.
Algo na pessoa de Jesus atraía a multidão,
mas ele nunca deixou ser levado por ela. Às vezes suas ações perturbavam a
maioria do grande número de pessoas que o cercava. Era popular sem ser
populista. Nunca usou demagogia. Seu ponto de referência nunca foi a maioria.
Sua sintonia estava com a verdade. Jesus conhecia profundamente a natureza
humana e entendia que o fato da multidão estar ao seu redor, apertando-o de
todos os lados, não queria dizer que recebia o que Ele queria transmitir.
Naquele dia, uma só pessoa daquela aglomeração conseguiu realmente se aproximar
dele.
Para Jesus, todas as pessoas são importantes,
ninguém é dispensável. Jesus estava a caminho para atender um caso urgente de
vida ou morte de Talitá, filha de Jairo, chefe da casa de oração. Apareceu no
seu caminho uma mulher, uma “Joana Ninguém”, sem expressão na ordem social. Ela
não deveria estar lá. Era considerada uma mulher impura, intocável. Sofria duma
hemorragia que a afligia há doze anos! A lei proibia que ela tivesse contato
com outras pessoas para não “contaminá-las”.
Na sua pressa, Jesus poderia ter passado
direto, sem lhe dar a mínima atenção. Dezenas de pessoas estavam esbarrando
nele, mas uma só realmente tocou sua capa! Ao receber o toque escondido, Jesus
parou abruptamente. “Quem foi que tocou na minha capa?” perguntou ele. A mulher
tremia de medo, esperando uma severa repreensão. Para sua surpresa, sua fé foi
elogiada e declarada curada da sua enfermidade!...
Jesus não tinha medo de ser corrompido pelo
mundo. Sua meta era contagiar o mundo com fé. A mulher não contaminou Jesus. Ao
contrário, a virtude de Jesus passou para a mulher. Ele não lhe disse, “Você
sarou porque sou poderoso”, mas, “Você sarou porque teve fé”. A mulher foi
fortalecida na fé e na saúde.
Seria cômodo usar esta passagem apenas para
tirar conforto espiritual e reforçar o sentimento que, mesmo vulneráveis e
fracos, somos alvos do cuidado divino. É fácil esquecer que Jesus é, também,
modelo para nossa maneira de ser. Seria fácil receber as manifestações de graça
sem passá-las para outras pessoas, carentes e indignas iguais a nós. Na vida
urbana, esbarramos em muitas pessoas no trabalho e no lazer, sem tocá-las.
Vivemos de tal maneira que outros vêem em nós uma fonte de apoio e esperança?
Estamos atentos para as aflições das pessoas que diariamente nos cercam?
Estamos tão atarefados e com tanta pressa que ignoramos aqueles em nosso
caminho que precisam um reforço de fé?
Há grande diferença entre esbarrar e tocar...
MARCOS 5.21-43 – NOVA TRADUҪÃO NA
LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)
Jesus
voltou para o lado oeste do lago, e muitas pessoas foram se encontrar com ele
na praia. Um homem chamado Jairo, chefe da sinagoga, foi e se jogou aos pés de
Jesus, pedindo com muita insistência:
— A
minha filha está morrendo! Venha comigo e ponha as mãos sobre ela para que sare
e viva!
E
Jesus foi com ele. Uma grande multidão foi junto e o apertava de todos os
lados.
Jesus
e a mulher doente
Chegou
ali uma mulher que fazia doze anos que estava com uma hemorragia. Havia gastado
tudo o que tinha, tratando-se com muitos médicos. Estes a fizeram sofrer muito;
mas, em vez de melhorar, ela havia piorado cada vez mais. Ela havia escutado
falar de Jesus; então entrou no meio da multidão e, chegando por trás dele,
tocou na sua capa, pois pensava assim: “Se eu apenas tocar na capa dele,
ficarei curada.” Logo o sangue parou de escorrer, e ela teve certeza de que
estava curada. No mesmo instante Jesus sentiu que dele havia saído poder. Então
virou-se no meio da multidão e perguntou:
—
Quem foi que tocou na minha capa?
Os
discípulos responderam:
— O
senhor está vendo como esta gente o está apertando de todos os lados e ainda
pergunta isso?
Mas
Jesus ficou olhando em volta para ver quem tinha feito aquilo. Então a mulher,
sabendo o que lhe havia acontecido, atirou-se aos pés dele, tremendo de medo, e
contou tudo. E Jesus disse:
—
Minha filha, você sarou porque teve fé. Vá em paz; você está livre do seu
sofrimento.
Jesus
ainda estava falando, quando chegaram alguns empregados da casa de Jairo e
disseram:
—
Seu Jairo, a menina já morreu. Não aborreça mais o Mestre.
Mas
Jesus não se importou com a notícia e disse a Jairo:
—
Não tenha medo; tenha fé!
Jesus
deixou que fossem com ele Pedro e os irmãos Tiago e João, e ninguém mais. Quando
entraram na casa de Jairo, Jesus encontrou ali uma confusão geral, com todos
chorando alto e gritando. Então ele disse:
—
Por que tanto choro e tanta confusão? A menina não morreu; ela está dormindo.
Então
eles começaram a caçoar dele. Mas Jesus mandou que todos saíssem e, junto com
os três discípulos e os pais da menina, entrou no quarto onde ela estava. Pegou-a
pela mão e disse:
—
“Talitá cumi!” (Isto quer dizer: “Menina, eu digo a você: Levante-se!”)
No
mesmo instante, a menina, que tinha doze anos, levantou-se e começou a andar. E
todos ficaram muito admirados. Então Jesus ordenou que de jeito nenhum
espalhassem a notícia dessa cura. E mandou que dessem comida à menina.