domingo, 11 de outubro de 2015

COBRAS E CURAS


Moisés fez uma cobra de bronze
e pregou num poste.
Quando alguém era mordido por uma cobra,
olhava para a cobra de bronze
e ficava curado.

Números 21.9 (leia 21.4-9) NTLH

Esta passagem bíblica é difícil de ser entendida ao pé da letra. A interpretação literal da passagem apresenta um Deus intolerante das fraquezas do povo. Ele mandou cobras venenosas para matar as pessoas que reclamavam do deserto sem água, sem pão e da comida ruim. Moisés teve compaixão do povo e intercedeu diante de Deus a seu favor. O herói da história foi Moisés que salvou o povo de um Deus rancoroso e caprichoso! Alguns usam este tipo de interpretação como instrumento para fazerem terrorismo espiritual, dizendo que, se não formos “bonzinhos” e conformados, Deus nos castiga.

Entendemos que isto não é a moral do episódio. Fala mais da espiritualidade humana do que dos atributos de Deus. Fala profundamente dos fatos da vida e como devemos enfrentá-los.

Primeiro: A vida é dura. Seguir o caminho do bem não garante que não teremos privações, frustrações, fracassos e derrotas. Viver épocas de “vacas magras” não é privilégio somente dos maus. Muitas vezes os maldosos saem muito melhor do que aqueles que seguem o caminho da bondade e da justiça. Os israelitas estavam esperando melhorar a sua vida. Achavam que seu estado servil no Egito era melhor do que o deserto hostil.

Segundo: Reclamar e jogar a culpa nos outros não melhora a situação. O povo estava sendo passivo, esperando uma vida boa e confortável, caída do céu. Quando isto não aconteceu, os culpados foram Deus e Moisés. O jogo de culpar os outros trouxe cobras venenosas. As queixas se transformaram em serpentes. Este é um simbolismo profundo!... Muitas vezes, reclamando da vida, esquecemos que fazemos parte do mundo em que vivemos e que temos participação no ruim e no bom. A passividade e a omissão da nossa parte contribuem para o mal, criam serpentes venenosas que vêm nos morder.

Terceiro: Deus não elimina os problemas, mas nos dá meios para enfrentá-los e buscar soluções. As cobras não foram embora. Ficaram e continuavam a infligir o povo com picadas mortíferas. Foi feita uma cobra de bronze e colocada num poste. Ao olharem para a imagem da cobra, as pessoas feridas foram curadas.

Esta história retrata a humanidade. Os problemas (cobras venenosas) existentes na sociedade são da nossa criação e não vão embora. Soluções dependem de onde focarmos o nosso olhar.

A cobra de bronze, colocada no poste, representa a dádiva da vida. Jesus assumiu este simbolismo (João 3.14-16). O “olhar para Jesus” revela uma vida nova de amor atuante, que anula os efeitos da alienação humana. O simbolismo é que a cruz se torna vida.

NÚMEROS 21.4-9 – NOVA TRADUÇÃO NA LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)

A COBRA DE BRONZE

Então os israelitas saíram do monte Hor pelo caminho que vai até o golfo de Ácaba, para dar a volta em redor da região de Edom. Mas no caminho o povo perdeu a paciência e começou a falar contra Deus e contra Moisés. Eles diziam:

— Por que Deus e Moisés nos tiraram do Egito? Será que foi para morrermos no deserto, onde não há pão nem água? Já estamos cansados desta comida horrível!

Aí o Senhor Deus mandou cobras venenosas que se espalharam no meio do povo; e elas morderam e mataram muitos israelitas. Então o povo foi falar com Moisés e disse:

— Nós pecamos, pois falamos contra Deus, o Senhor, e contra você. Peça a Deus que tire essas cobras que estão no meio da gente.

Moisés orou ao Senhor em favor do povo, e ele disse:

— Faça uma cobra de metal e pregue num poste. Quem for mordido deverá olhar para ela e assim ficará curado.
Então Moisés fez uma cobra de bronze e pregou num poste. Quando alguém era mordido por uma cobra, olhava para a cobra de bronze e ficava curado.

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