Tu me perguntaste como me atrevi
a pôr em dúvida a tua sabedoria,
visto que sou tão ignorante.
É que falei de coisas
que eu não compreendia,
coisas que eram maravilhosas
demais para mim
e que eu não podia entender.
a pôr em dúvida a tua sabedoria,
visto que sou tão ignorante.
É que falei de coisas
que eu não compreendia,
coisas que eram maravilhosas
demais para mim
e que eu não podia entender.
Jó
42.3 (leia 42.1-17) – NTLH
O
sofrimento de Jó era atroz. Sua situação social e econômica: deprimente!... Mas
o seu estado de espírito mudou. Seus questionamentos e exigências foram aceitos
por Deus, sendo respondidos através de tempestades e por meio de perguntas com
respostas impossíveis. Neste processo, Jó recebeu uma nova visão. Mesmo, não
recebendo nenhuma resposta esperada e ainda no meio de grande dor, Jó viu a
grandeza do Criador e da sua criação. Aprendeu a viver pela fé... O sofrimento
também faz parte da ordem da criação e não anula a vida. Jó chegou a confessar
a experiência da presença de Deus, mesmo sentado no chão, num monte cinzas...
A
posterior restauração de Jó era secundária na história, não o resultado da sua
nova visão. A desgraça de Jó e a sua restauração nada tinham com méritos ou
falhas!...
Temos
muita dificuldade em aceitarmos a tese de sofrimento, desvinculado de
merecimentos pessoais. Pregamos a mentira que a aceitação do evangelho é
solução de todos os nossos problemas. O “evangelho da prosperidade” promete
ascendência econômica e social. Jesus nunca prometeu riquezas e status como
recompensa de uma vida de acordo com a vontade de Deus. Pelo contrário, chamou
seus seguidores a tomar, diariamente, a sua cruz e estarem preparados para
enfrentar rejeição, perseguição e sofrimento. No Sermão do Monte, Jesus fala em
sofrimento pelo bem como fonte de felicidade.
Erramos
ao modificarmos a mensagem do evangelho, visando atrair multidões, enchendo
templos de pessoas buscando grandes “bênçãos”. Na ocasião de uma cerimônia de
ordenação de novos presbíteros, ouvi um bispo metodista exortar os pastores:
“Sua tarefa é encher os templos antes de Jesus voltar”. Na prática de
evangelização capitalizamos o sofrimento e miséria do povo, prometendo “mundos
e fundos” para quem “vem a Jesus”. Jesus nunca fez tais promessas.
Jó
chegou a ver que Deus é Deus, independente da sorte, e, que a vida em harmonia
com o Criador e a criação não é garantia do bem estar pessoal.
Não
somos isentos das desgraças que atingem a humanidade. A aceitação do evangelho
pode dar alívio ao sentimento de culpa de libertação de alguns males, mas, pode
criar outros problemas. O “novo enxergar” do cego pode levá-lo a ver, além de
novas belezas, cenas trágicas que perturbam o coração. O “novo andar” do coxo
pode fazê-lo pular de alegria, mas, também, conduzi-lo a caminhos onde há
rejeição e perseguição e traição de amigos e familiares.
A
lição de Jó não é de fatalismo, mas de esperança realista! Somos ignorantes
diante dos acontecimentos trágicos da humanidade e das violências da natureza.
O caos da existência é apenas aparente. O universo não está fora de controle.
Podemos ver a mão de Deus, até naquilo que nós julgamos ser desgraça.
Jó
era justo e temente a Deus, mas, mesmo assim, sofreu grandes desgraças. Mesmo
recebendo uma recompensa negativa, continuou no caminho do bem. Fazer o bem
pode não nos trazer as recompensas desejadas. O caminho da paz e da justiça
pode, aparentemente, não dar em nada. O valor da caminhada é a própria
caminhada, independente de resultados.
JÓ
42:1-17 – NOVA TRADUҪÃO NA LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)
Então,
em resposta ao Senhor, Jó disse:
“Eu
reconheço que para ti nada é impossível e que nenhum dos teus planos pode ser
impedido.
Tu
me perguntaste como me atrevi a pôr em dúvida a tua sabedoria, visto que sou
tão ignorante.
É
que falei de coisas que eu não compreendia, coisas que eram maravilhosas demais
para mim e que eu não podia entender.
Tu
me mandaste escutar o que estavas dizendo e responder às tuas perguntas.
Antes
eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios
olhos.
Por
isso, estou envergonhado de tudo o que disse e me arrependo, sentado aqui no
chão, num monte de cinzas.”
CENA FINAL
Depois
que acabou de falar com Jó, o Senhor disse a Elifaz, da região de Temã:
—
Estou muito irado com você e com os seus dois amigos, pois vocês não falaram a
verdade a meu respeito, como o meu servo Jó falou. Agora peguem sete touros e
sete carneiros, levem a Jó e ofereçam como sacrifício em favor de vocês. O meu
servo Jó orará por vocês, e eu aceitarei a sua oração e não os castigarei como
merecem, embora vocês não tenham falado a verdade a meu respeito, como Jó
falou.
Então
Elifaz, que era da região de Temã, Bildade, que era da região de Sua, e Zofar,
que era da região de Naamá, foram e fizeram o que o Senhor havia mandado, e ele
aceitou a oração de Jó.
A NOVA FAMÍLIA DE JÓ
Depois
que Jó acabou de orar pelos seus três amigos, o Senhor fez com que ele ficasse
rico de novo e lhe deu em dobro tudo o que tinha tido antes. Todos os seus
irmãos e irmãs e todos os seus amigos foram visitá-lo e tomaram parte num
banquete na casa dele. Falaram de como estavam tristes pelo que lhe havia
acontecido e o consolaram por todas as desgraças que o Senhor havia feito cair
sobre ele. E cada um lhe deu dinheiro e um anel de ouro.
O
Senhor abençoou a última parte da vida de Jó mais do que a primeira. Ele chegou
a ter catorze mil ovelhas, seis mil camelos, dois mil bois e mil jumentas.
Também foi pai de sete filhos e três filhas. À primeira deu o nome de Jemima; à
segunda chamou de Cássia; e à terceira, de Querém-Hapuque. No mundo inteiro não
havia mulheres tão lindas como as filhas de Jó. E o pai as fez herdeiras dos
seus bens, junto com os seus irmãos.
Depois
disso, Jó ainda viveu cento e quarenta anos, o bastante para ver netos e
bisnetos. E morreu bem velho.
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