Na tua casa, ó Deus Eterno,
morarei todos os dias da minha vida.
morarei todos os dias da minha vida.
Salmo
23.6b (leia 23.1-6) - NTLH
Nascemos
para crescer. Nascer e não crescer é trágico. Aprendemos a engatinhar, andar,
falar, vestir, viver sem fralda, alimentar, cuidar, ir à escola e assumir
responsabilidades. Tudo correndo normalmente, chegamos à maturidade: sairmos da
casa dos nossos pais para estabelecer um outro lar e a nossa própria profissão.
Conquistamos a nossa autonomia.
O
aprisco do Salmo 23 representa o berço: o tempo de infância e da imaturidade, o
tempo da aprendizagem primária. Poucos reparam que neste Salmo a ovelha pára de
ser ovelha e passa para outro estágio (hóspede). Na igreja somos ensinados a
glorificar a “ovelhice” e nos manter “ovelhas para sempre’. No conceito
popular, bom cristão é uma boa ovelha. Servimos a igreja dando a nossa lã e o
nosso sangue. Somos muito úteis para a igreja no estado de ovelha.
No
nosso texto bíblico, o autor sai do estágio de ovelha dependente e “burra”.
Passa ser convidado de honra a um banquete preparado especialmente para ele!
Seu copo derrama de tanto vinho que lhe é servido. Pode imaginar uma ovelha
sentada à mesa bebendo vinho?
Houve
transformação. O convidado é tratado com dignidade e honra. Não é mais uma
criatura que precisa de ser conduzida como se não tivesse juízo. Passou a ter a
sabedoria de poder fazer suas próprias escolhas e aceitar convites. Aqui temos
o retrato da liberdade e autonomia. Está presente à mesa por escolha própria e
não por ser induzido. Não é somente mais uma “ovelha” dentro de um rebanho, mas
uma criatura que tem personalidade. Escapou da massificação do rebanho.
No
fim do Salmo, o autor passa a ser filho da casa. Não é mais mero convidado, é
membro adulto da família! Agora o relacionamento é de interdependência e
igualdade, é do amor, amor mútuo.
Jesus
teve problemas com as autoridades religiosas e políticas de sua época
justamente porque Ele não se deixou ser massificado. Pelo seu relacionamento
com o “Pai”, Jesus deixou de ser simplesmente “bom judeu”, moldado pelos
valores institucionais da sua época. Era uma péssima “ovelha” por não
acompanhar o rebanho.
Nosso
desafio hoje é de passarmos da primeira parte do Salmo 23 para atingirmos a
última. É confortável ser “ovelha para sempre” e agirmos pelas normas da nossa
comunidade. As instituições, religiosas e civis, determinam as normas que
devemos seguir. Cada uma transmite seus preconceitos e tenta determinar os
nossos limites. Maturidade é ter uma visão que ultrapassa as normas impostas.
Jesus,
ao “morar na casa do Pai”, mesmo aqui na terra, teve uma visão do Reino Deus,
cujas normas eram o amor e a justiça. Ao imitarmos Jesus, a nossa fé madura
ultrapassará as barreiras que as nossas comunidades impõem. Teremos força para
“sair do aprisco” e viver o amor e a justiça neste mundo que as nossas
instituições não conseguem atingir. O crescimento nos conduz à outras
realidades e amplia os horizontes. Passamos de “ovelhas” para sermos da família
de Deus.
SALMOS
23 – NOVA TRADUҪÃO NA LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)
O
Senhor é o meu pastor:
nada
me faltará.
Ele
me faz descansar
em pastos verdes
e me
leva a águas tranquilas.
O
Senhor renova as minhas forças
e me
guia por caminhos certos,
como
ele mesmo prometeu.
Ainda
que eu ande
por um vale escuro como a morte,
não
terei medo de nada.
Pois
tu, ó Senhor Deus,
estás comigo;
tu
me proteges e me diriges.
Preparas
um banquete para mim,
onde
os meus inimigos me podem ver.
Tu
me recebes
como convidado de honra
e
enches o meu copo até derramar.
Certamente
a tua bondade
e o teu amor
ficarão
comigo enquanto eu viver.
E na
tua casa, ó Senhor,
morarei
todos os dias da minha vida.
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