Venha então, minha querida;
venha comigo, meu amor.
O inverno já foi,
a chuva passou,
e as flores aparecem nos campos.
É tempo de cantar!
Venha comigo, minha querida.
venha comigo, meu amor.
O inverno já foi,
a chuva passou,
e as flores aparecem nos campos.
É tempo de cantar!
Venha comigo, minha querida.
Cântico
dos Cânticos 2.10b-12a,13b (leia 2.8-13) – NTLH
O amor erótico faz parte da vida. O Livro dos
Cânticos está entre as literaturas mais eróticas do mundo! É uma canção
exaltando os prazeres do amor físico. Registra o diálogo entre dois
apaixonados, um se entregando ao outro! A tradução não consegue transmitir para
a nossa cultura a riqueza erótica das imagens. Na cultura hebraica, as imagens
transmitem os prazeres do cheiro, sabor, tato e orgasmo. É paixão pura, sem
falar em noivado, casamento, família ou filhos... É êxtase só, sem amarras
culturais ou religiosas. É o delírio da libertação, sem neuroses e
preconceitos.
Representa uma expressão da contracultura,
protestando contra a opressão da mulher e do corpo, de uma religião
controladora. A religião institucional tratava a mulher como ser inferior. Os
órgãos sexuais eram vergonhosos, as funções reprodutivas impuras e o corpo,
suspeito. O Cântico dos Cânticos rompe estas barreiras. A paixão é maravilhosa
quando curtida na sua plenitude!...
Este livro é problemático para as igrejas,
muitas vezes ignorado. Quando timidamente mencionado, é tratado como uma
alegoria do amor entre Cristo e a Igreja. Mas, neste livro, Deus não é
mencionado nenhuma vez. Outras vezes é interpretado como amor entre esposo e
esposa, devidamente casados diante das normas da Igreja. As igrejas não conseguem
aceitá-lo sem disfarçá-lo ou colocar controles e restrições.
Uma das características do cristianismo e
islamismo é a rejeição do corpo humano, especialmente o feminino. O corpo é
vergonhoso e deve ser escondido. A nudez é tabu. As culturas primitivas não têm
este problema. Aceitam o corpo com toda a naturalidade. A revista, Playboy, não
faria sucesso numa tribo indígena, seria até tediosa. Faz sucesso em nossa
cultura porque somos neuróticos em relação ao sexo. Este tipo de literatura é
alimentado pelas neuroses culturais.
Outro fator agravante nas religiões
monoteístas é o machismo, o controle do homem sobre a mulher. Os homens impõem
restrições sobre ela. Ela tem que ser mais “modesta” do que o homem. Exercem um
duplo padrão de moral a favor do sexo masculino. Mas nos Cânticos, ambos os
sexos são livres para curtir a sua sensualidade.
Chegou a Primavera! O Inverno passou! A vida
está brotando. As plantas estão despertando para a reprodução com as floradas.
As rolinhas estão dando suas cantadas. A cantada e a sedução fazem parte do
amor. O mundo está cheio da beleza de uma sinfonia de cores, sons, aromas e
sabores. É tempo da paixão!...
Paixões sexuais são passageiras, mas podem
nos levar à paixão pela vida inteira e a fé que a vida vale a pena! A vida pode
se tornar encantadora, mesmo com frustrações e obstáculos. A fé pode abrir
novos mundos encantadores, cada momento uma surpresa, cada dia, uma aventura. O
tédio é sinal da morte, a paixão da vida!...
A paixão leva a pessoa a ficar fora de si. Supera
os limites da lógica. Enfrenta obstáculos e ultrapassa barreiras. Fé e paixão
são irmãs. Veem a beleza e se doam ao amado. Desejo a fé que me apaixone pela
vida e toda a criação, sendo a terra minha querida e o universo meu amor.
CÂNTICO DOS CÂNTICOS 2:8-13 – NOVA
TRADUҪÃO NA LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)
Ela:
Estou
ouvindo a voz do meu amor.
Ele
vem depressa, descendo as montanhas,
correndo
pelos montes.
O
meu amado é como uma gazela;
é
como um filhote de corço.
O
meu querido está ali, do lado de fora da nossa casa.
Ele
está olhando para dentro, pelas janelas;
está
me espiando pelas grades.
O
meu amor está falando comigo.
Ele:
Venha
então, minha querida;
venha
comigo, meu amor.
O
inverno já foi, a chuva passou,
e as
flores aparecem nos campos.
É
tempo de cantar;
ouve-se
nos campos o canto das rolinhas.
Os
figos estão começando a amadurecer,
e já
se pode sentir o perfume das parreiras em flor.
Venha
então, meu amor.
Venha
comigo, minha querida.
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