domingo, 7 de fevereiro de 2016

VIVER É CAMINHAR

O mar Vermelho olhou e fugiu;
o rio Jordão parou de correr.
As montanhas pularam como carneiros,
e os montes saltaram como carneirinhos.
Pois ele faz com que
as rochas virem fontes
e transforma as pedras
em fontes de água.
Salmo 114.3, 4, 8 – (leia Salmo 114) – NTLH

O salmo descreve numa maneira poética o que aconteceu quando o Povo de Israel saiu do Egito para fazer uma caminhada “impossível”: vencer obstáculos até chegar à “Terra da Promessa”.

Diante dos impasses da vida existe a poesia da esperança. A cabeça recua e diz que não há saída; o coração enfrenta, esperando o melhor. O salmo cita duas situações impossíveis na tradição hebraica: o Mar Vermelho que bloqueava a saída do povo do Egito e a enchente do Rio Jordão que impedia a entrada para a terra prometida. Viver, para eles, seria enfrentar os obstáculos e correr o risco de fracasso. Morrer seria recuar com medo e se acomodar. A vida vence o medo.

O mar que fugiu e o rio que parou são metáforas que descrevem os obstáculos que encontramos no caminho. Embora gigantescos, não são invencíveis. Há como atravessá-los. As montanhas e os montes pulantes representam a força vibrante da vida que nos apoia e celebra conosco!

Somos Povo de Deus na medida em que caminhamos na direção que faz a criação pular de alegria! O propósito do Senhor é ajudar vencer obstáculos e provocar transformações: rochas em fontes. O simbolismo rico deste salmo mostra o poder divino diante de passos de coragem.

O nosso Egito não é um estado geográfico com divisas traçadas, mas social e econômico, sem delimitações claras. É um sistema de valores e prioridades escravizadores. Existe a minoria privilegiada: empresários, políticos e mafiosos, que vivem pela exploração da maioria. O valor supremo é econômico. O lucro e a acumulação de bens estão acima do bem comum. A exploração desenfreada de recursos naturais está desequilibrando o sistema ecológico e futuras gerações estão sendo ameaçadas. Se continuar assim, a própria raça humana poderá entrar em extinção. O nosso Egito é o estado de exploração autodestrutiva.

Viver é enxergar além dos obstáculos do presente momento: ter uma visão de como o mundo poderia ser melhor: a visão da “terra da promessa”. Envolver-se com atividades que promovem a saúde social, ecológica e física. Sermos transformados/as e agirmos pela mudança do mundo a nosso redor.

A cabeça diz que tudo isso seria como uma gota no oceano e não faria nenhuma diferença. Seria se sacrificar à toa. Mas entra o coração – agir com fé e esperança, lembrando que pequenas sementes podem produzir grandes árvores. Viver é caminhar em direção à visão. A força da vida pode vencer os obstáculos, os mares e rios do caminho. Só assim montanhas e os montes podem pular de alegria!...

SALMOS 114 – NOVA TRADUҪÃO NA LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)

Quando os descendentes de Jacó,
    o povo de Israel,
saíram do Egito, aquela terra estrangeira,
Judá se tornou o povo escolhido de Deus,
Israel ficou sendo a sua propriedade.
O mar Vermelho olhou e fugiu;
o rio Jordão parou de correr.
As montanhas pularam como carneiros,
e os montes saltaram como carneirinhos.
Que aconteceu, ó mar,
    para que você fugisse assim?
E, você, rio Jordão,
    por que parou de correr?
Ó montanhas, por que vocês pularam
    como carneiros?
Montes, por que vocês saltaram
    como carneirinhos?
Trema, ó terra, na vinda do Senhor,
na presença do Deus de Jacó,
pois ele faz com que as rochas

    virem fontes

Nenhum comentário: