Abraão fez um altar
e arrumou a lenha em cima dele.
Depois amarrou Isaque
e o colocou sobre o altar,
em cima da lenha.
Em seguida pegou a faca para matá-lo.
e arrumou a lenha em cima dele.
Depois amarrou Isaque
e o colocou sobre o altar,
em cima da lenha.
Em seguida pegou a faca para matá-lo.
Gênesis
22.9-10 (leia 22.1-19) – NTLH
Aqui
temos a história de um pai disposto a matar seu próprio filho em nome de Deus.
Um filho traumatizado ao ser amarrado, vendo uma faca erguida, pelo próprio
pai, para ser enfiada no seu peito. Abraão usou a mentira para seduzir seu
filho a acompanhá-lo, mas voltou para casa sem a companhia do filho. O relato
bíblico reúne pai e filho outra vez somente na ocasião do enterro do pai. O
trauma afastou o filho do pai. Esta história vem duma cultura bem diferente da
nossa e aponta Abraão como herói da fé. Para nossa cultura este comportamento
seria avaliado como loucura, absurdo e insanidade. Hoje Abraão seria candidato
a ser internado num hospício ou encarcerado numa instituição penal, visto como
perigo para a sociedade e a família.
Existe
neste episódio um elemento da personalidade que opera em ambas as culturas: a
necessidade da afirmação da fé. Abraão estava dando prova da sua fé. O problema
é que esta “prova de fé” ia onerar a vida alheia. Era uma prova negativa que
não construiria nada. Era destrutiva. Logo em seguida Sara morreu e Isaque
sempre foi uma figura apagada de pouca expressão. Só deu prejuízo.
Quais
são alguns “sinais de fé” da nossa cultura religiosa?
· O
engajamento nas atividades religiosas.
·
Assiduidade nos cultos e reuniões de oração.
·
O dom da palavra e de liderança.
·
A possessão de dons espirituais: profecias,
línguas e milagres, etc.
· Modismos:
dente de ouro, riso santo, toque do poder, encontro com Deus, G12, etc.
Esses
são alguns dos elementos associados à fé. Quanto maior a exteriorização destes
elementos, maior a fé. Os protestantes se orgulham de seu crescimento nos
últimos cem anos, especialmente nas últimas décadas. 25% da população professa
a fé evangélica. É difícil encontrar um bairro sem igreja evangélica. Os
grandes templos são comuns nos grandes centros urbanos. A fé até conquistou
redes de TV!...
Até
que ponto as “provas de fé” são construtivas em nossa realidade social?
A
“fé” dos pais pode chegar a prejudicar os filhos quando a igreja se torna mais
importante do que o lar. Quantos filhos de crentes não querem nada com a igreja
por causa da incoerência dos pais? Quantos filhos de pastores ignoram a igreja
ou a vêem com antipatia por ela ser colocada em primeiro plano? Relacionamentos
humanos podem “azedar” quando “princípios” e “convicções” religiosos tomam lugar
do amor ao próximo. Quantos crentes são vistos como pessoas chatas e esquisitas
por serem implicantes e anti-sociais por causa da sua religião? Comunidades
podem ser prejudicadas quando as igrejas se isolam e formam “guetos” de fervor
religioso. É preocupante quando o número crescente de evangélicos é acompanhado
pelo aumento de violência, criminalidade e corrupção. Muitos políticos
evangélicos estão envolvidos em escândalos de desvio de dinheiro. As “provas de
fé” somente servem para fazer seus praticantes se sentirem mais santos, mas
trazem poucos benefícios à vida alheia.
A fé
não é auto-afirmação. A fé verdadeira nos leva a sermos bênçãos aos que nos
cercam. O centro de atuação da fé verdadeira é o mundo, não a igreja. “Deus
amou ao mundo de tal maneira.......” Nosso desafio é amar o mundo como Jesus o
amou.
GÊNESIS
22.1-19 – NOVA TRADUҪÃO
NA LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)
DEUS
PÕE ABRAÃO À PROVA
Algum tempo depois Deus pôs Abraão à prova. Deus o chamou
pelo nome, e ele respondeu:
— Estou aqui.
Então Deus disse:
— Pegue agora Isaque, o seu filho, o seu único filho, a
quem você tanto ama, e vá até a terra de Moriá. Ali, na montanha que eu lhe
mostrar, queime o seu filho como sacrifício.
No dia seguinte Abraão se levantou de madrugada, arreou o
seu jumento, cortou lenha para o sacrifício e saiu para o lugar que Deus havia
indicado. Isaque e dois empregados foram junto com ele. No terceiro dia, Abraão
viu o lugar, de longe. Então disse aos empregados:
— Fiquem aqui com o jumento. Eu e o menino vamos ali adiante
para adorar a Deus. Daqui a pouco nós voltamos.
Abraão pegou a lenha para o sacrifício e pôs nos ombros
de Isaque. Pegou uma faca e fogo, e os dois foram andando juntos. Daí a pouco o
menino disse:
— Pai!
Abraão respondeu:
— Que foi, meu filho?
Isaque perguntou:
— Nós temos a lenha e o fogo, mas onde está o carneirinho
para o sacrifício?
Abraão respondeu:
— Deus dará o que for preciso; ele vai arranjar um
carneirinho para o sacrifício, meu filho.
E continuaram a caminhar juntos. 9 Quando chegaram ao lugar que Deus havia
indicado, Abraão fez um altar e arrumou a lenha em cima dele. Depois amarrou
Isaque e o colocou sobre o altar, em cima da lenha. Em seguida pegou a faca
para matá-lo. Mas nesse instante, lá do céu, o Anjo do Senhor o chamou,
dizendo:
— Abraão! Abraão!
— Estou aqui — respondeu ele.
O Anjo disse:
— Não machuque o menino e não lhe faça nenhum mal. Agora
sei que você teme a Deus, pois não me negou o seu filho, o seu único filho.
Abraão olhou em volta e viu um carneiro preso pelos
chifres, no meio de uma moita. Abraão foi, pegou o carneiro e o ofereceu como
sacrifício em lugar do seu filho. Abraão pôs naquele lugar o nome de “O Senhor
Deus dará o que for preciso.” É por isso que até hoje o povo diz: “Na sua
montanha o Senhor Deus dá o que é preciso.”
Mais uma vez o Anjo do Senhor, lá do céu, chamou Abraão e
disse:
— Porque você fez isso e não me negou o seu filho, o seu
único filho, eu juro pelo meu próprio nome — diz Deus, o Senhor — que
abençoarei você ricamente. Farei com que os seus descendentes sejam tão
numerosos como as estrelas do céu ou os grãos de areia da praia do mar; e eles
vencerão os inimigos. Por meio dos seus descendentes eu abençoarei todas as
nações do mundo, pois você fez o que eu mandei.
Abraão voltou para o lugar onde estavam os seus
empregados, e foram todos juntos para Berseba, onde Abraão ficou morando.
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