sábado, 31 de julho de 2010

GRAÇA DIVINA

Ele disse:

”Ó Senhor, se estás de fato contente comigo,

eu te peço que vás conosco.

Este povo é teimoso,

mas perdoa o nosso pecado

e a nossa maldade

e aceita-nos como o teu povo”.

Êxodo 34.9 (leia 33.7-11, 34.5-9,28) – BLH

As sementes semeadas hoje darão seus frutos amanhã. Uma semente, independente de sua espécie, tem dentro dela o princípio de vida. A semente produz vida! Pode ser até que seja um tipo de vida danosa a nós, mas produz vida – tem a sua utilidade na ordem das coisas. Tudo o que existe tem o seu lugar no esquema das coisas.

Uma interpretação teológica (para não dizer "mitológica") do princípio da semente seria a teologia da "graça". A graça é a conseqüência boa de uma coisa ruim: - A conversão dum maldade em bondade; o perdão, uma pessoa amada pelo inimigo imaginário, ou o recebimento de compaixão quando merecemos castigo. A graça é aquela fruta que vem sem ser esperada.

Moisés entendia que, apesar do povo ser de "cabeça dura", poderia sobrar algo de bom: O bem ainda poderia ser o resultado de tudo ruim que estava passando. Ainda alimentamos esta esperança hoje. A lógica diz o contrário, mas a "graça" é uma esperança.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

CASTIGO DE DEUS

Então o Eterno disse a Moisés:

“Riscarei do meu livro todos os que pecaram contra mim. Agora vá e leve o povo para o lugar que eu mandei.

Lembra-se de que o meu anjo guiará você.

Porém já está chegando o tempo

em que vou castigar este povo

pelo seu pecado”.

Êxodo 32.33-34 (leia 32.15-24,30-34) – BLH

Por um lado, estas palavras parecem severas, de um Deus caprichoso e intolerante, mas, por outro lado, refletem o fato de que os nossos atos trazem consequências naturais. Até certo ponto, Deus é uma personalização dos diversos fatores da nossa vida. Às vezes os nossos atos trazem resultados negativos para nossa vida e dizemos que Deus nos castigou. Outras vezes estes atos trazem resultados positivos e achamos que Deus nos abençoou. Quando esperamos um resultado negativo como consequência de um conjunto de fatores e vem algo positivo achamos que é a misericórdia de Deus. Quando algo desagradável acontece com pessoas que não são do nosso agrado, dizemos que é o castigo de Deus. Quando coisas semelhantes acontecem conosco ou com as pessoas que julgamos boas, achamos que são provações que Deus permite. A verdade é que, o que é semeado hoje, frutificará amanhã.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A MANEIRA DIGNA DE VIVER

Peço a vocês que vivam daquela maneira digna
que Deus determinou quando os chamou.
Sejam sempre humildes,
delicados e pacientes.
Mostrem o seu amor,
suportando uns aos outros.

Efésios 4.1b-2 (leia 4.1-6) - BLH

A validade da experiência religiosa está na maneira em que nós nos relacionamos uns com os outros. Esta "maneira digna" descrita nesta passagem inclui humildade, delicadeza, paciência e tolerância. É justamente o que falta a muitas pessoas que julgam ter uma espiritualidade superior. Muitos movimentos espirituais se caracterizam pelo "ar de superioridade": se julgam as elites da espiritualidade. Sempre querem impor a sua espiritualidade aos outros mostrando impaciência e intolerância àqueles que não "embarcam na sua".

A verdadeira espiritualidade sempre nos leva ao encontro com o próximo, independentemente dele ser ou não igual a nós. Uma espiritualidade que tende a formar grupos separados de elites espirituais é suspeita. A verdadeira espiritualidade vence estas barreiras de egoísmo e elitismo e se identifica com a humanidade como ela é.

terça-feira, 27 de julho de 2010

IMPOSIÇÕES EXTERNAS

Depois pegou o livro de acordo,

onde estavam escritos os mandamentos do Eterno,

e o leu em voz alta para o povo.

Eles disseram:

“Nós obedeceremos ao Deus Eterno

e faremos tudo o que ele mandar.”

Então Moisés pegou o sangue das bacias,

borrifou o povo com ele e disse:

“Este é o sangue que sela o acordo

que o Deus Eterno fez com vocês

quando deu todos esses mandamentos.”

Êxodo 24.7-8 (leia 24.3-8) – BLH

Este acordo representava um ideal imposto. Era bonito, e o povo concordou sem saber o que realmente estava fazendo. O acordo não nasceu do coração do povo, e, por isso, foi logo esquecido, como a narrativa consta.

O grande problema do acordo era que não passou de um ideal escrito em pedra, não representava uma realidade interna do povo. A história de Israel nas escrituras é, na realidade, a história de uma minoria tentando impor um ideal à maioria. Um pequeno número de Israelitas detinha o poder, mesmo assim, enfrentando dificuldades para fazer valer sua vontade. No tempo de Jesus, os fariseus, "uma minoria poderosa", se esforçavam para impor a lei de Moisés à maioria: em contraste, Jesus cuidava da motivação interna.

Na prática Jesus ignorava a lei quando ela entrava em conflito com as necessidades humanas. O bem-estar do ser humano estava acima da lei. Precisamos tomar muito cuidado quando julgarmos os outros de acordo as nossas leis e normas. O caminho de Jesus era lidar com o próximo com compaixão e de acordo com as suas carências. Os guardiães da lei enxergavam pecadores, Jesus as grandes possibilidades do amor. O nosso desafio deve ser: ver os outros na luz das possibilidades da graça divina, não na sombra da lei.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A VERDADE CENTRAL DOS HEBREUS

Meu povo, eu, o Eterno, sou o seu Deus.

Eu o tirei do Egito,

a terra onde você era escravo.

Não adore outros deuses:

adore somente a mim.

Êxodo 20.2-3 (leia 20.1-17) – BLH

A identidade de Israel está baseada na afirmação de Iahweh ser o único Deus digno de ser adorado, o Deus da criação e da história, o Deus capaz de libertar! A sua identidade é de ser o povo escolhido por este Deus, o povo escolhido para a salvação. Por ser fiel a Iahweh o povo seria protegido e teria prosperidade. Ao se afastar dele, cairia na desgraça e na infelicidade. O destino do povo está vinculado ao seu relacionamento com Iahweh! Assim eles explicavam suas vitórias e seus fracassos. Os Israelitas organizavam a sua mitologia em torno desta afirmação central e tudo foi explicado nestes termos.

Jesus, por sua vez, mudou o enfoque, revelando um Deus diferente e indo muito além do Deus apresentado no antigo testamento. O Deus de Jesus era cósmico e de amor, um Deus que é "Papai" e chama todos os homens e as mulheres à libertação e serviço ao próximo. Ao fazer o bem ao próximo estamos adorando o “Papai”. A adoração verdadeira ocorre em todos os lugares onde há solidariedade humana, não só em templos fechados nos atos de culto.

domingo, 25 de julho de 2010

O PÃO DE CADA DIA

O Deus Eterno disse a Moisés:
”Agora eu vou fazer chover do céu pão para vocês.
E o povo deverá sair,
e cada um deverá juntar uma porção que dê para um dia.
Assim eu os porei à prova
para saber se eles vão obedecer às minhas ordens.

Êxodo 16.4 (leia 16.1-5,9-15) – BLH

A prudência nos leva a armazenarmos coisas para o dia de amanhã, especialmente quando já temos experiência de termos passado necessidade. Por ter passado fome a tendência do povo era pegar bastante maná para hoje, amanhã e depois; porém a ordem era apanhar apenas o suficiente para um dia só! Nem sempre esta prudência é o melhor caminho. Neste caso, a prática não funcionou porque não era algo que poderia ser guardado de um dia para outro. Também, não há garantia de que aquilo que guardamos hoje ainda estará em nossas mãos quando chegar o amanhã. A nossa segurança não está naquilo que conseguimos guardar para nós mesmos, mas naquele (ou naquela ou naquilo) que é a fonte de todas as coisas.

A falta de confiança muitas vezes leva as pessoas a recusar a ajudar ao próximo com o medo de que, ao fazê-lo, acarrete prejuízos. Um dos perigos da vida é colocar a nossa própria segurança acima do bem estar dos outros. Muita fé é necessária para orarmos como Jesus nos ensinou: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mt.6.11).

sábado, 24 de julho de 2010

O IMPOSSÍVEL PODE ACONTECER

...e os israelitas passaram pelo mar em terra seca,
com muralhas de água nos dois lados.

Êxodo 14.22 (leia 14.21-31) – BLH

Além de não precisar forçar a barra para fazer acontecer o que está em sintonia com a realidade, podemos observar que o "impossível" pode acontecer. É aqui que entra o milagre. Milagre é aquilo que desafia qualquer explicação, que é impossível ou pouco provável à luz dos nossos conhecimentos. Eu rejeito a definição de que o milagre seja uma intervenção de Deus suspendendo ou cancelando as leis naturais, porque acho que não existe lei natural sem Deus. Deus está naturalmente presente em TODOS os acontecimentos. Tudo o que acontece é uma expressão de Deus, seja bom ou seja ruim a nosso ver.

Rejeito um dualismo que separa Deus da sua criação e que coloca outros deuses contra Ele na forma de satanás, demônios, etc. Deus é um só, porém, com muitas facetas. A doutrina da trindade é uma tentativa de lidar com este fato. Deus é muito mais que trino! A realidade é complexa e conceitos como trindade, demônios, etc., são tentativas mitológicas de entendermos esta realidade cujo criador é o que nós chamamos Deus.


quinta-feira, 22 de julho de 2010

DEIXANDO O PODER FLUIR

Porém Moisés respondeu:
”Não tenham medo.
Fiquem firmes e vocês verão
que o Deus Eterno vai salvá-los hoje.
Nunca mais vocês vão ver esses egípcios.
Vocês não terão de fazer nada:
o Deus Eterno lutará por vocês.”

Êxodo 14.13-14 (leia 14.5-18) – BLH

O que é natural é, também, espontâneo. Não é preciso forçá-lo a acontecer. A própria natureza o faz. O "fazer nada" desta passagem não quer dizer ficar parado de tudo mas que a força que faz o acontecimento não é nossa. O carroceiro dá o comando e puxa a rédea mas é o cavalo que faz a carroça andar. A pessoa liga a chave mas é a usina que acende a lâmpada. O motorista aperta o acelerador mas é o motor que faz o carro correr. Nós nos entregamos a Deus e, como conseqüência, atingimos a salvação.

Os profetas de Baal se esforçaram horas e horas no Monte Carmelo para fazer o fogo cair sobre o seu sacrifício. Gritavam, clamavam e se cortavam, se desgastando, mas nada aconteceu. Em contraste, Elias fez uma oração simples e o fogo caiu e queimou a oferta. As atividades vivenciadas em sintonia com a realidade básica da vida não são desgastantes. O desgaste vem quando tentamos "forçar a barra" e lutamos por aquilo que não deveria ser.

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quarta-feira, 21 de julho de 2010

MUROS DE EXCLUSIVIDADE

Pois o próprio Cristo nos trouxe a paz,
fazendo dos judeus e dos não-judeus um só povo.
Por meio do sacrifício do seu corpo,
ele desfez a inimizade que os separava
como se fosse um muro.

Efésios 2.14 (leia 2.13-18) – BLH

O povo de Israel foi chamado para ser uma bênção à todas as nações, mas ele se isolou das outras nações por se achar o povo "exclusivo" de Deus. Confundiu "escolhido" com "exclusivo". Em vez de procurar estar junto às nações, Israel se afastou, construindo o muro da exclusividade!

Historicamente, a igreja tem seguido o mesmo caminho dos Judeus, o da exclusividade. Ela se acha “o povo salvo” em vez de o "povo servo" ou o "povo amigo". A Igreja se isola do mundo quando constrói seus muros de exclusividade.

Cristo veio para trazer a paz e destruir inimizades, não somente em termos de judeu e não-judeu, mas, também, em termos de igreja e não-igreja, ou seja, em termos de cristianismo e não-cristianismo. Jesus pregou o "Reino de Deus" e não a "Igreja de Deus". Na prática, a igreja tem servido como uma “vacina” contra o Reino. Achamos que ao promovermos a igreja, estamos promovendo o Reino. Engano nosso!!! A igreja cresce mas o Reino se afasta.

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terça-feira, 20 de julho de 2010

O SETE DE SETEMBRO DOS HEBREUS

Essa foi a noite em que o Eterno ficou vigiando
para tirá-los do Egito.
Ela é dedicada ao Deus Eterno para sempre,
como a noite que deverá ser comemorada
por todos os israelitas.

Êxodo 12.42 (leia 12.37-42) – BLH

Há momentos da vida que são inesquecíveis e que devem ser celebrados para sempre; momentos que mudam definitivamente o rumo da nossa vida, momentos em que nasce uma nova realidade.

Estes versículos descrevem o nascimento de um povo e a sua passagem da escravidão para a libertação. É o "Sete de Setembro" de Israel. Não importa que seja vestido de forma mítica para ser melhor compreendido e lembrado. O importante são estes momentos em que novas realidades nascem na vida.

A Páscoa não representava apenas uma realidade no passado mas, também, possibilidades de outras libertações e outros momentos novos. Vieram crise, desespero, fracasso e a Páscoa dava força para possibilitar superá-los.

Jesus usou a Páscoa judaica para simbolizar a universalização da libertação. A passagem da morte para a vida não é restrita a um pequeno povo, mas, a toda a humanidade. Entretanto, a tendência da igreja é restringir esta libertação só para ela.

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segunda-feira, 19 de julho de 2010

A FONTE DE TUDO

Moisés e Arão fizeram todas essas coisas espantosas
diante do rei do Egito,
porém o Deus Eterno endureceu o coração do rei,
e este não deixou
que os israelitas saíssem do país.

Êxodo 11.10 (leia 11.10-12.14) – BLH

Os primeiros livros da Bíblia são coerentes em colocar Deus como o absoluto. Não caem no dualismo de conflito entre diversas divindades e na luta entre o bem e o mal. Satanás não existe no Pentateuco. A maldade da serpente estava no mesmo nível da de Eva, Adão, Caim, Jacó, etc. O Pentateuco não aponta uma força do mal agindo no mundo contra Deus e contra a humanidade. Não foi satanás que endureceu o coração do rei, foi Deus mesmo! Eu formo a luz, e crio as trevas; faço a paz, e crio o mal; eu o Senhor, faço todas estas coisas.” (Isaías 45.7).

Independentemente de quem nos induz a agirmos desta ou de outra forma, somos responsáveis pelos nossos atos e temos que responder por eles. Satanás foi uma invenção do ser humano para tentar explicar o mal, fugindo da sua responsabilidade de atos e atitudes. O dualismo do bem e do mal como forças espirituais opostas nasceu na Pérsia. Satanás e os demônios, como forças do mal contra um Deus bom, foram importados pelos exilados judeus quando voltaram do cativeiro. Antes disso foram considerados servos de Deus. Deus era criador de tudo, incluindo o mal.

A luz de Jesus dos evangelhos, temos outro retrato do Deus diferente do Antigo Testamento. É Deus Papai/Mamãe compassivo/a que nos trata como filhos e filhas amados/as, mesmo quando não correspondemos com este amor. Podemos ter a humildade do pecador no templo e curtir este amor. Ou podemos ter o orgulho dos fariseus nos julgando melhores que os outros e nos afastarmos dum relacionamento de amor. A decisão é nossa. A última palavra está conosco. Somente nós temos o poder de fecharmos ou abrirmos o nosso coração para um relacionamento de amor.

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domingo, 18 de julho de 2010

A FONTE DA LIBERTAÇÃO

Deus respondeu:
”Eu estarei com você.
Quando você tirar do Egito o meu povo,
vocês vão me adorar neste monte,
e isto será uma prova de que eu o enviei.

Êxodo 3.12 (leia 3.1-6,9-12) – BLH

Um tema bíblico: da fraqueza nasce o poder verdadeiro. O poder de verdade não é a força bruta. Moisés, no palácio do governo, tinha a força bruta do aparelho do estado, mas não tinha poder para realmente libertar o seu povo. Agora que ele perdeu a posição de privilegiado, está numa posição de libertador dos descendentes de José do Egito. A libertação nasce entre os próprios oprimidos. Vem do lado dos que estão na posição inferior em termos de poder bruto.

É quase impossível o poderoso abrir mão do poder e do privilégio e, mesmo que fizesse isto, não seria verdadeira a libertação. Toda libertação é conquistada de baixo para cima, nunca imposta de cima para baixo. A libertação nasce primeiro no peito dos oprimidos para depois se tornar uma realidade externa. Enquanto o povo não se libertar por dentro não é verdadeiramente livre. A pior opressão é interna. Foi através de Moisés o fugitivo, e não Moisés, o príncipe, que Deus libertou o povo escravo e oprimido.

Jesus não tinha poder institucional. Nunca ocupou nenhuma posição de poder político, econômico ou religioso. Seu poder tinha suas raízes no amor humilde. Como os seguidores de Jesus nosso caminho é o caminho do amor sem pretensões.

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sábado, 17 de julho de 2010

PODER DO AMOR E AMOR AO PODER

Como não podia escondê-lo por mais tempo,
ela pegou uma cesta de junco,
tapou os buracos com betume e piche,
pôs nela o menino e deixou a cesta entre os juncos,
na beira do rio.

Êxodo 2.3 (leia 2,1-15) – BLH

Aí temos as duas maiores forças do mundo em oposição entre si. De um lado, uma mãe que fez o possível dentro de seus limites: mulher escrava proibida de ter e criar um filho homem. O amor pelo filho levou-a a fazer tudo para adiar a sua morte. Este tema se repete no nascimento de Jesus e na mulher do Apocalipse. De outro lado, temos as forças da opressão: são inseguras no seu poder e temem reparti-lo, fazendo tudo para eliminar a concorrência. Acham que a sua sobrevivência depende da eliminação do outro.

O tema bíblico esclarece: o poder bruto é fraqueza, o amor, embora pareça levar desvantagem, é a maior força do mundo. Ela vencerá todas as forças de opressão! Os seres humanos fazem suas opções entre os dois: o amor ao poder ou o poder do amor. Opor-se ao amor é opor-se a uma força fundamental da existência - o próprio Deus é amor. A vitória da força bruta é sempre temporária. A resistência do amor não tem fim e acaba permanecendo até esgotar a força opressora.

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quinta-feira, 15 de julho de 2010

OPRIMIDOS E OPRESSORES

Porém quanto mais os egípcios maltratavam os israelitas,
tanto mais eles aumentavam.
Os egípcios ficaram com medo deles.

Êxodo 1,12 (leia 1,8-14.22) – BLH

A opressão é auto-destrutiva. Mais cedo ou mais tarde os oprimidos ganharão o seu espaço. O mal, embora dotado de muito poder, não consegue se impor para sempre. Seus dias são contados. O bem, sem poder aparente, sobrevive às agressões do mal e no fim triunfa! O mal tem razão em ter medo do bem, pois a agressão contra ele não lhe dá vitória permanente.

Este fato nunca foi aprendido. Cada geração repete o mesmo engano. As vítimas da opressão do mal, ao se libertarem tem a tendência de se tornarem opressoras. Isto aconteceu no caso dos israelitas. Ao serem libertados da opressão da terra do Egito os Israelitas se tornaram opressores na terra de Canaã, pressionando e destruindo o povo nativo e a sua cultura - tudo foi feito em nome de Deus!... O Deus libertador na terra de Egito se tornou o Deus opressor na terra de Canaã.

Na história moderna Israel ficou sem terra por muitos séculos e sofria muitas perseguições. Quando Israel voltou a ocupar a Palestina em 1948 com o apoio da ONU, ela se tornou uma nação opressora. Hoje, com o apoio dos EUA, Israel é uma das grandes potências opressoras do Oriente Médio, mas tudo em nome de defesa.

Nem a igreja escapa deste terrível “ciclo de oprimida” se tornando opressora. Ela começou como um grupo perseguido e oprimido, mas, ao adquirir poder, usou-o para perseguir e oprimir os outros. A igreja forte tem sido opressora e a igreja fraca, serva. É perigoso à igreja adquirir poder.

Parece que a raiz da opressão é o medo. A libertação do medo elimina o impulso opressor. O amor lança fora o medo. Quem ama não oprime.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

TUDO SE TRANSFORMA

Deus já havia resolvido que nos faria seus filhos
por meio de Jesus Cristo,
pois esse era o seu prazer e a sua vontade.

Efésios 1.5 (leia 1.3-14) – BLH

Tudo se transforma. Este é um dos grandes fatos da nossa existência. Jesus é o maior exemplo desta transformação, a começar pela encarnação. Jesus foi transformado em ser humano e se tornou o ser humano modelo. Jesus revela o potencial de cada um de nós. Por meio de Jesus podemos atingir o nosso potencial de filhas e filhos de Deus.

A vida é um processo de transformação. No momento da concepção, duas células separadas são transformadas num ser vivo, um feto. Aquele feto toma forma dentro do útero num ambiente fechado preparando-se para ser transformado num ser que respira e anda num ambiente aberto. Ao ser expulso para o novo ambiente, a transformação continua na formação física, mental e espiritual.

Jesus revela o potencial desta transformação humana. Tudo é destinado à transformação, cada coisa à sua maneira, mas esta transformação pode ser prejudicada. Em Jesus temos o poder de vencer os obstáculos da transformação e atingir este potencial de sermos feitos filhos e filhas de Deus.

terça-feira, 13 de julho de 2010

LEVAR OU SER LEVADO

É verdade que vocês planejaram aquela maldade contra mim,
mas Deus mudou o mal em bem
para fazer o que hoje estamos vendo,
isto é,
salvar a vida de muita gente.

Gênesis 50.20 (leia 49.29-33 e 50.15-24) – BLH

O mais importante deste texto é a atitude de José, a de perdão, olhando para o lado positivo dos atos mal intencionados de seus irmãos. Na ausência de rancor sobrou-lhe “energia” para chegar onde chegou. Não gastou em ressentimentos contra os irmãos que lhe queriam mal.

É difícil prever todos os resultados de qualquer ato. Um ato mal intencionado pode resultar num grande benefício! Malefício também pode ocorrer através de um ato motivado de boas intenções… A nossa atitude pode influenciar o efeito dos atos dos outros.

José não se fez de vítima, ele se colocou em condições de tirar proveito de qualquer situação, fosse ela favorável ou não. Neste sentido José era o mestre do seu próprio destino. Não deixava que os outros manipulassem o seus sentimentos. Ele agia em vez de reagir. Foi o próprio José que se colocou disponível para que o mal fosse convertido em bem. Levou a vida em vez de ser levado por ela.

Neste sentido somos mestres do nosso destino! Somos nós quem determinamos como vamos jogar as cartas que a vida coloca em nossas mãos.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

PROMESSA E ESPERANÇA

Deus disse: -- Eu sou Deus, o Deus do seu pai.
Não tenha medo de ir para o Egito,
pois ali eu farei que os seus descendentes
se tornem uma grande nação.
Eu irei para o Egito com você
e trarei os seus descendentes de volta para esta terra.
E, quando você morrer,
José estará ao seu lado.

Gênesis 46.3-4 (leia 46.1-7,28-30) – BLH

Esta é uma promessa feita à Jacó depois de muitos anos de luto e inconformismo com a suposta morte de seu filho José. Até este momento uma nuvem de tristeza pairava sobre a cabeça de Jacó, mas agora, tudo mudou. A esperança nasceu de novo - um filho dado por morto é restaurado, há uma nova terra e um novo começo de vida.

A vida tem suas tristezas e desilusões. Chegam épocas em que o futuro parece sombrio e sem esperanças. Um passado triste pesa mais do que as possibilidades do futuro. Nós não conseguimos ver algo de positivo e as possibilidades são escondidas dos nossos olhos. O desânimo toma conta e ficamos com vontade de desistir. Felizmente algo nos segura.

O futuro não está preso ao presente momento e este momento não limita o futuro. Não temos capacidade de ver toda a realidade, só podemos, com fé, aguardar o futuro.

domingo, 11 de julho de 2010

GALARDÃO DO SONHADOR

Quando os egípcios começaram a passar fome,
foram pedir alimentos ao rei.

Ele disse:”Vão falar com José e façam o que ele disser.”

Gênesis 41,55 (leia 41.55-57) – BLH

O mundo dá muitas voltas e reviravoltas. José, condenado à prisão dependendo dos outros para comer; agora numa nova situação, José estava controlando todo o abastecimento do país!

José sonhava muito. Os seus sonhos colocaram-no numa situação difícil diante dos seus irmãos. Seu idealismo mandou-o para a prisão. Mas estas mesmas qualidades libertaram-no da prisão e colocaram-no no lugar de ser o homem mais poderoso do país!...

O importante não são as “conseqüências imediatas” dos nossos atos e as nossas atitudes, mas o que produzem a longo prazo. A curto prazo José sofreu por ser um sonhador mas foi esta mesma qualidade que lhe deu forças para superar a pressão negativa que veio em cima dele. José não cedeu às pressões, conservava a integridade interior e venceu as circunstâncias imediatas.

Nesta sociedade de corrupção generalizada em que vivemos somos fortemente pressionados a “entrar na dança” para não “ficar para traz” – os “espertos” levam vantagem, os “bobos” perdem. Nos valores populares é melhor sair-se bem do que ser bom. Até dentro das religiões o sucesso é colocado acima do serviço com a glorificação de grandes igrejas e grandes movimentos. O apelo dos evangelistas modernos é mais para o lado de recebermos grandes bênçãos do que sermos uma bênção.

Ao ser alimentado pelo “pão da integridade” José tinha um "pão interior” que o colocou em condições de poder distribuir pão para os outros também. Ao sermos alimentados teremos condições de alimentar os outros.

sábado, 10 de julho de 2010

RECONHECENDO A NOSSA VERDADE

Aí o homem perguntou:
Como você se chama?”
Jacó” respondeu ele.
Então o homem disse
O seu nome não será mais Jacó.
Você lutou com Deus e com os homens e venceu;
por isso o seu nome será Israel".

Agora diga-me o seu nome” pediu Jacó.
O homem respondeu:
Por que você quer saber o meu nome?”
E ali ele abençoou Jacó.

Gênesis 32.27-29 (leia 32.23-33) – BLH

Na língua hebraica o nome “Jacó” era apelido de “ladrão”.

De repente, Jacó não era mais aquele Jacó (ladrão) de antigamente que subia na vida às custas dos outros. Acabou o egoísmo, o dolo e a ambição de ser rico. Entrou em crise e deu uma volta de cento e oitenta graus. Finalmente Jacó entrou na herança de Deus.

Para isto acontecer foi preciso Jacó reconhecer e confessar quem ele realmente era. Chegou à conclusão de que a sua "falta de vergonha" estava levando-o a um caminho de auto-destruição. Ao descobrir a sua verdadeira identidade, Jacó conseguiu lidar com o seu verdadeiro problema, ele mesmo. Daí veio a verdadeira libertação e transformação. Ao conhecermos a nossa verdade seremos libertados da auto-destruição.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

ABENÇOADO APESAR DE...

Então Jacó sonhou.
Ele viu uma escada que ia da terra até o céu,
e os anjos de Deus subiam e desciam por ela.

Gênesis 28.12 (leia 28.10-22) – BLH

Jacó era ambicioso. Torcia as regras para conseguir o que queria e agora estava fugindo de casa por causa de uma coisa mal feita contra o seu irmão mais velho. Havia roubado o seu direito de herança. Fugia do irmão mas não conseguiu fugir de Deus e de si mesmo. Mesmo assim, Jacó viu e ouviu alguma coisa positiva que não esperava. Ouvia a promessa de que aquela terra, que havia conseguido por meio de engano, um dia seria realmente sua.

Parece que Deus legitimou o resultado do roubo. Os anjos estavam confirmando que a terra seria de Jacó apesar do meio como foi adquirida. O resultado do roubo estava dentro do plano divino para Jacó e o roubo não cancelou o plano.

Nem sempre cumprimos o plano de Deus por motivos puros. Às vezes (se não muitas vezes), o nosso orgulho e ambição motivam as nossas "boas ações", embora isto não anule o resultado positivo delas. Deus não nos rejeita por encontrar dentro de nós atitudes indignas. Ele nos abençoa, apesar das nossas falhas mostrando-nos a sua misericórdia.

Para nós é chocante a ideia que a “justiça de Deus é misericórdia” e que Deus abençoe os maus, fazendo a chuva cair sobre eles também. A nossa tendência é querer perdão para nós e condenação para os maus, bênção para nós e maldição para os ímpios.