domingo, 9 de agosto de 2015

O MOVER DO ESPÍRITO


A terra era um vazio,
sem nenhum ser vivente,
e estava coberta por um mar profundo.
A escuridão cobria o mar,
e o Espírito de Deus se movia
por cima da água.

Gênesis 1.2 (leia 1.1-5) – NTLH

Esta passagem não pretende ser um relato histórico que explica como a criação foi feita. Os fatos históricos e científicos estão fora do nosso alcance. A ciência apresenta apenas hipóteses que são exercícios intelectuais que apresentam possíveis explicações do processo da evolução da natureza. Podem estimular o pensamento e satisfazer a curiosidade. A finalidade das escrituras é inspirar, não explicar. Erramos em usar as escrituras antigas para explicar como o mundo chegou a ser do jeito que o conhecemos hoje. Tal exercício cai no ridículo.

A leitura “mythos” das escrituras vai além das palavras das narrações e busca os princípios básicos da vida. Esta passagem nos traz uma mensagem de esperança diante do caos que ameaça alterar fatalmente o sistema ecológico que sustenta a vida humana.

A mensagem desta história da criação é esperança: do caos nascem novas ordens. No primeiro momento da criação do céu e da terra o mar cobria a terra e a escuridão cobria o mar. Era impossível a existência de vida. No lugar e no momento em que faltavam todas as condições visíveis, movia o Espírito de Deus por cima das águas escuras. A esperança estava no “mover do Espírito”. As condições de antivida não eram absolutas. O lugar inóspito foi vencido pelo Espírito. Desde o primeiro instante, o movimento do divino era superar os obstáculos, aparentemente insuperáveis, para abrir caminho para a vida. Segue o processo alegórico da criação de vida.

A ordem: “Que haja luz!” começou desfazer o caos e abrir caminho para a vida. A luz não eliminou a escuridão. Ambas são necessárias para a vida. Deus conservou a escuridão, também como elemento de sustento à vida. O equilíbrio entre dia e noite é fundamental na ordem da terra. A vida toda é uma sucessão de passagens da noite e as chegadas da manhã.

O sofrimento e a angústia da noite preparam o caminho para a celebração de um novo dia. As dores de parto são necessárias para a alegria do nascimento dum nenê. Nos Evangelhos a morte de Jesus na cruz possibilitou a ressurreição que deixou o túmulo vazio. O “mover do Espírito” pode transformar os nossos “calvários” em vales verdejantes, nossas cruzes em árvores frutíferas, nossas derrotas em vitória e o nosso choro em riso. A morte possibilita a vida.

A escuridão do caos político, social e econômico na atualidade nos assusta. O ódio e violência religiosos parecem não ter limites. O abismo entre os ricos e pobres se distancia cada vez mais. A proliferação de armas de destruição em massa ameaça a vida de todos os seres vivos. O consumo e tráfico desenfreado de drogas aproveitam o vazio espiritual da globalização para destruir milhões de vidas e corromper governos. A destruição de recursos naturais, a poluição de água, ar e solo estão desequilibrando o sistema ecológico e acelerando a extinção de espécies de flor e fauna. As condições de vida são cada vez mais precárias.

Apesar da inoperância e a alienação das igrejas diante desta situação queremos crer que o Espírito Divino está se movendo por cima destas águas escuras. Podemos esperar outro milagre? Poderemos ser transformados em luze para reverter o processo da morte e retomar o caminho da vida? Eis a nossa esperança.

GÊNESIS 1.1-5 – NOVA TRADUÇÃO NA LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)

A CRIAÇÃO DO UNIVERSO E DA RAÇA HUMANA

No começo Deus criou os céus e a terra. A terra era um vazio, sem nenhum ser vivente, e estava coberta por um mar profundo. A escuridão cobria o mar, e o Espírito de Deus se movia por cima da água.

Então Deus disse:

— Que haja luz!

E a luz começou a existir. Deus viu que a luz era boa e a separou da escuridão. Deus pôs na luz o nome de “dia” e na escuridão pôs o nome de “noite”. A noite passou, e veio a manhã. Esse foi o primeiro dia.

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