domingo, 7 de janeiro de 2018

MARIA, A DISCÍPULA MAIS AMADA


Pedro disse a Maria:
“Irmã, nós sabemos que o Mestre te amou
diferentemente das outras mulheres,
Diz-nos as palavras que Ele te disse,
das quais tu te lembres
e das quais nós não tivemos conhecimento.”

Evangelho de Maria, página 10
Tradução de Jean-Yves Leloup
O EVANGELHO DE MARIA
Editora Vozes

Mais informações e tradução do texto:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Evangelho_de_Maria


Espantoso, o machista Pedro se dirigindo a Maria e reconhecendo que ela tinha conhecimentos que ele ignorava! O Evangelho de Maria, uma escritura antiga do século II do cristianismo cóptico, descoberto em 1945 na Biblioteca de Nag Hammandi no Egito nos revela aspectos da igreja primitiva que até então desconhecíamos. Muitos dos fatos que se encontram descritos nos evangelhos não canônicos foram ignorados pelo cristianismo a partir do Concílio de Nicéia do ano 325 quando iniciou o processo de afastar a influência feminina e a Maria Magdalena (Miryam de Mádala). Nesse processo Maria foi marginalizada e até difamada.

Os evangelhos canônicos dão muito destaque a Maria:

1)       Jesus elogiou Maria para sua irmã, Marta, por ela ter escolhido “o melhor”, isto é, por curtir a presença de Jesus e ouvir as suas palavras - possivelmente este espírito de contemplação cultivava a sua compaixão. (Lc.10.38-42)

2)       Na ocasião da morte do seu irmão, Lázaro, foi Maria que suplicou a Jesus, chorando, e Jesus, movido, também chorou e ressuscitou Lázaro. (Jo.11.1-46)

3)       A contemplação e compaixão conduziram Maria a Betânia onde ela ungiu os pés de Jesus profetizando assim a proximidade de sua morte. (Jo. 12.1-8)

4)       Maria estava presente na hora da crucificação. Todos os discípulos, exceto João, haviam fugido mas as mulheres se fizeram presentes. (Mt. 27.55-56)

5)       Maria permaneceu sentada defronte à sepultura. (Mt. 27.61)

6)       Maria foi a primeira testemunha da ressurreição de Jesus. (Jo. 20. 11-18)

7)       Por ter sido testemunha privilegiada da ressurreição Maria tornou-se “apóstola aos apóstolos”, foi a primeira a anunciar o evangelho. (Jo. 20.11-18)

É irônico que Pedro, que chegou a ser considerado o primeiro dentre os discípulos, tenha se mostrado hesitante e incrédulo diante do primeiro anúncio do evangelho; ao passo que Maria, fiel, corajosa, sempre presente e crente, tenha caído no esquecimento. O que Pedro tinha a seu favor era a condição de ser homem. Para Maria, ser mulher era uma condição imperdoável.

Dentre outros manuscritos na Biblioteca de Nag Hammandi estão ainda o Evangelho de Filipe e o Evangelho de Tomé que também iluminam o lado humano e feminino do evangelho vivido nos primeiros três séculos do cristianismo. A perseguição pela igreja oficial de Constantino contra as outras formas de expressão da fé cristã levou à matança de outros cristãos, a destruição dos seus manuscritos e à manipulação dos manuscritos canônicos.

Estes manuscritos da Biblioteca de Nag Hammandi são contemporâneos dos manuscritos canônicos e merecem consideração. Pretendemos incluir algumas destas passagens em futuras meditações de Sementes Bíblicas. Aguardem!!!

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