domingo, 6 de agosto de 2017

A IRONIA DAS 99 E DAS 9

Haverá mais alegria no céu por um pecador
que se arrepende dos seus pecados
do que por noventa e nove pessoas boas
que não precisam se arrepender.
Lucas 15.7 (leia 15.1-10) – NTLH

Jesus tinha pouco interesse nas pessoas que professavam ser religiosas e piedosas. Ficar com elas era perda de tempo. Era inútil lidar com pessoas convencidas de serem as escolhidas de Deus e que se separavam dos demais por considerá-los pecadores. Os “outros pecadores” tinham mais possibilidade de serem salvos do que “as noventa e nove pessoas boas que não precisam se arrepender” (ironia). Quem se julgava “salvo” estava mais perdido do que os pecadores assumidos!...

Nesta parábola, a ovelha perdida e a moeda perdida eram as pessoas que os fariseus consideravam “pecadores”. Jesus usou ironia em identificar as noventa e nove ovelhas e as nove moedas com os fariseus hipócritas que se achavam já salvos. Quando o pastor, cheio de alegria, voltou para casa com a ovelha perdida nos ombros ele chamou os amigos e vizinhos para a celebração. As noventa e nove ovelhas eram incapazes de celebrar o retorno da ovelha perdida. A dona das moedas fez festa com as amigas e vizinhas pelo mesmo motivo.

Ironicamente a nossa tendência é nos identificarmos com as noventa e nove ovelhas e as nove moedas. Ao nos identificarmos com elas, inconscientemente somos iguais aos fariseus, ficando na segurança do curral ou do cofre, nos alegrando com a nossa “salvação”.

Os heróis da parábola são o pastor e a mulher, não as noventa e nove ovelhas e nove moedas. Nosso lugar não é o aprisco ou caixa forte. É estarmos juntos, misturando com os pecadores, sendo iguais ao sal e fermento. O sal, enquanto no saleiro, é inútil. O pastor da história estava junto com a ovelha perdida, não com as que estavam no curral.

Onde estaria Jesus hoje se voltasse na carne? Duvido que ele estaria perdendo seu tempo batendo palmas nos “louvorzões” nas casas de culto ou promovendo grandes concentrações de crentes para fazer “oba oba”. Ele estaria junto com aqueles dos quais os “bons” se separam. Jesus não seria encontrado nos templos. Estaria próximo aos favelados, famintos, doentes, sem terra, sem teto, sem família, desempregados, explorados e manipulados.

A parábola é um julgamento contra qualquer tipo de elitismo espiritual e social. Jesus introduziu uma nova espiritualidade que até hoje não é compreendida. A espiritualidade de Jesus nos desafia a repensar as nossas prioridades e valores. A igreja de Jesus não tem paredes que a separa da massa da humanidade. A sua identidade não consiste em ser “diferente” ou “melhor” dos outros, mas em ser solidária, transmissora de esperança. Ela vai ao encontro dos necessitados, participando das suas lutas. Não se protege dentro de “apriscos” ou “cofres”.

LUCAS 15:1-10 – NOVA TRADUҪÃO NA LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)



Certa ocasião, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram perto de Jesus para o ouvir. Os fariseus e os mestres da Lei criticavam Jesus, dizendo:
Este homem se mistura com gente de má fama e toma refeições com eles.
Então Jesus contou esta parábola:
Se algum de vocês tem cem ovelhas e perde uma, por acaso não vai procurá-la? Assim, deixa no campo as outras noventa e nove e vai procurar a ovelha perdida até achá-la. Quando a encontra, fica muito contente e volta com ela nos ombros. Chegando à sua casa, chama os amigos e vizinhos e diz: “Alegrem-se comigo porque achei a minha ovelha perdida.”
Pois eu lhes digo que assim também vai haver mais alegria no céu por um pecador que se arrepende dos seus pecados do que por noventa e nove pessoas boas que não precisam se arrepender.
Jesus continuou:
Se uma mulher que tem dez moedas de prata perder uma, vai procurá-la, não é? Ela acende uma lamparina, varre a casa e procura com muito cuidado até achá-la. E, quando a encontra, convida as amigas e vizinhas e diz: “Alegrem-se comigo porque achei a minha moeda perdida.”
Pois eu digo a vocês que assim também os anjos de Deus se alegrarão por causa de um pecador que se arrepende dos seus pecados.



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