domingo, 17 de janeiro de 2016

O REI SOMOS NÓS

Ó Deus, ensina o rei a julgar
de acordo com a tua justiça!
Salmo 72.1 (leia 72.1-6) – NTLH

Se não fosse a figura do rei, esta oração poderia ser escrita hoje. Os reis foram eliminados, mas a injustiça, a desonestidade, a exploração do povo (e do meio ambiente), e a pobreza são mais enraizadas do que nunca. No lugar do rei a oração atual colocaria todos que possuem qualquer poder político e econômico.

A monarquia morreu há muito tempo. A democracia é a nossa meta. O responsável não é mais aquele(a) que tem o poder absoluto, mas atinge todos. Em nosso sistema democrático, o governo reflete quem somos nós, nosso nível moral e ético. Nós escolhemos os governantes. Sendo eleitores, não podemos fugir da participação política com a desculpa que ela é “coisa deste mundo”. Desde que somos feitos do pó da terra e colocados como cidadãos, fugir da nossa responsabilidade social seria omissão. Omissão em fazer o bem é um pecado tão grave quanto a prática ativa do mal. Enfim, o “rei” somos nós.

Esta oração coloca a justiça social, econômica e ambiental como preocupações divinas. Praticar a justiça é ato de fé tanto quanto assistir cultos, orar e ler a Bíblia.

Este salmo aponta as prioridades divinas. Seria muito mais fácil se a nossa forma de culto ou sistema de crenças fossem as coisas mais importantes aos olhos de Deus. Assim sendo, o valor supremo seria a salvação da nossa alma e o nosso preparo para a vida eterna. O salmo ignora estas questões religiosas que ficam sob o nosso controle.

Parece que Deus não é muito espiritual... Parece muito socialista e materialista. Parece discurso da esquerda: falar de justiça social e da direita: falar em prosperidade material!...

As primeiras palavras de Gênesis relatam a prioridade de Deus: a criação. O foco principal da narrativa foi a Terra e a colocação do ser humano nela para ser “os mordomos”. Mas os seus primeiros mordomos se confundiram. Trocaram o “cuidar da Terra” pelo “tirar proveito da situação”. O consumismo (comer o fruto que não era deles) usurpou o cuidar do jardim. A inversão de valores os levou a perder seu paraíso.

A característica da nossa sociedade é a continuação de colocar o “aproveitar” acima do “cuidar”. A injustiça e a pobreza ocorrem quando os mais fortes se “aproveitam” dos mais fracos em vez de zelar pelo bem estar geral. O abismo entre os ricos e os pobres continua a aumentar. Chegamos a ponto de ameaçar o nosso Jardim, Terra! A Terra é o nosso único lar. A devastação da Terra significa a extinção da espécie humana.

Somos uma sociedade suicida a não ser que consigamos nos enquadrar na espiritualidade do Salmo 72. A eternidade inclui o presente momento e a vida eterna começa com a vida terrestre. O céu começa na Terra. Se não cuidamos das coisas da Terra, o céu será nos negado.

A honestidade e a justiça são comparadas com as águas da chuva. A prosperidade e a paz dependem delas para brotar e dar seu fruto. Somos “os reis e as rainhas” chamados para o exercício da nossa prática e influência a favor da honestidade e justiça. Esta é a única espiritualidade capaz de evitar a tragédia global e salvar o nosso “jardim”.

O evangelho deve ser a encarnação das boas notícias da salvação. Esta salvação começa conosco na nossa convivência de paz e justiça.

SALMOS 72:1-6 – NOVA TRADUҪÃO NA LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)

Ó Deus, ensina o rei a julgar
    de acordo com a tua justiça!
Dá-lhe a tua justiça
para que governe o teu povo
    com honestidade
e trate com justiça os explorados.
Que haja prosperidade no país,
pois o povo faz o que é direito!
Que o rei julgue os pobres
    honestamente!
Que ele ajude os necessitados
e derrote os que exploram o povo!
Que o rei viva enquanto o sol durar
    e a lua existir,
por gerações sem fim!
Que o rei seja como a chuva
    que cai sobre os campos,

como os aguaceiros que regam a terra!

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