domingo, 17 de abril de 2016

DESAFIO E ESPERANÇA

Senhor, faze com que prosperemos
de novo,
assim como a chuva enche de novo
o leito seco dos rios.
Que aqueles que semeiam chorando
façam a colheita com alegria!
Aqueles que saíram chorando,
levando a semente para semear,
voltarão cantando, cheios de alegria,
trazendo nos braços os feixes
da colheita.
Salmo 126.4-6 - NTLH

Na volta dos exilados para sua terra natal, Jerusalém, era um sonho realizado. A saída do cativeiro era um novo nascimento, ocasião de celebrar com risos e cânticos, uma grande conquista!

Mas, Jerusalém não era a mesma que deixaram!… Tudo havia mudado. Encontraram a devastação e um mundo para ser reconstruído. O cântico se transformou em súplica. Pediram a bênção de Deus para a nova semeadura, sabendo que seria com sacrifício e sofrimento. Sabiam que a sua esperança estava nas “chuvas” para encher o “leito seco dos rios”.

Somos todos vencedores. A nossa concepção foi uma grande conquista. Somos o resultado da união de um óvulo e um espermatozoide. A disputa da concepção é feroz. Somente um entre centenas (ou milhares) de óvulos e um entre bilhões de espermatozoides conseguem se unir para formar um novo ser. Depois do nascimento, grandes conquistas: ficar em pé, andar e correr, aprender uma língua, fazer amizades, curtir prazeres, conhecer o mundo e estabelecer uma identidade. Com as dádivas da vida e mais os nossos próprios esforços conseguimos chegar onde estamos hoje. Temos muito a agradecer e celebrar.

Mas, hoje estamos, também, diante de um mundo diferente, o da nossa infância não existe mais. Estamos vendo devastação e desmoronamento. Os valores e problemas são outros. As injustiças estão gerando radicalismo político e religioso. A intolerância e a violência estão presentes em todo o mundo. Hindus e sikhs assassinam muçulmanos. Muçulmanos matam cristãos. Cristãos exterminam muçulmanos. Protestantes rejeitam católicos. A Palestina é paralisada com hostilidades religiosas. Terrorismo está sendo combatido com terrorismo. A corrida mundial é para adquirir o maior poder da destruição.

Recentemente vi num boletim de igreja a manifestação deste espírito de violência, descrevendo Jesus como “o grande Guerreiro” que vem para “penetrar os corações com a espada da Palavra” e “destruir os ímpios”. Fiquei triste com a insensibilidade de quem o escreveu e de quem publicou o artigo.

Precisamos de semeadores de paz. No mundo de hoje, é muito difícil ser semeador de paz. Muitas vezes até as igrejas cultivam o espírito de intolerância contra determinados grupos. O fundamentalismo está dividindo as religiões monoteístas tradicionais jogando irmão contra irmão. A semeadura de paz envolve sofrimento e lagrimas. Jesus, ao viver a paz, chorou por Jerusalém. Nunca pegou em armas e disse: “quem usa uma espada será morto por uma espada.” (Mt.26.52). Preferiu ir à cruz pela vivência da paz.

Cremos que o Deus, que nos trouxe até aqui, pode nos levar mais adiante. Podemos ver a sua mão agindo nos eventos no passado. Apesar do tamanho do desafio no presente, o espírito da esperança nos ajuda a confiar que o futuro, também está nas suas mãos.

O salmista fala da confiança que Deus tem o poder de “encher de novo o leito seco dos rios” e que podemos “voltar cantando”, “trazendo nos braços os feixes da colheita”. A fé cristã deve representar gratidão, desafio e esperança.

SALMO 126 – NOVA TRADUҪÃO NA LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)

Quando o Senhor Deus
    nos trouxe de volta para Jerusalém,
parecia que estávamos sonhando.
Como rimos e cantamos de alegria!
Então as outras nações disseram:
“O Senhor fez grandes coisas
    por eles!”
De fato, o Senhor fez grandes coisas
    por nós,
e por isso estamos alegres.
Ó Senhor, faze com que prosperemos
    de novo,
assim como a chuva enche de novo
    o leito seco dos rios.
Que aqueles que semeiam chorando
façam a colheita com alegria!
Aqueles que saíram chorando,
    levando a semente para semear,
voltarão cantando, cheios de alegria,
trazendo nos braços os feixes
    da colheita

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