Eu porei a minha lei na mente deles
e no coração deles a escreverei;
eu serei o Deus deles,
e eles serão o meu povo.
e no coração deles a escreverei;
eu serei o Deus deles,
e eles serão o meu povo.
Jeremias
31.33 (leia 31.31-34) – NTLH
Podemos pensar em Deus só em termos humanos
dentro do nosso contexto cultural. No Antigo Testamento, Deus era entendido
dentro do contexto do patriarcado. O pai da família era a autoridade máxima.
Ele tinha a última palavra e traçava os rumos da família. Deus é retratado como
o grande chefe da família tribal. Havia escolhido Abraão, Sara e seus
descendentes como sua família. Ele os acompanhou através das gerações,
orientando-os, protegendo-os e castigando-os. Mas estes “filhos adotivos”
sempre lhe “davam trabalho”. Conforme o profeta, Jeremias o Deus Eterno viu que
precisava mudar o relacionamento que não estava dando certo.
O primeiro modelo, a Aliança entre Deus e os
descendentes de Abraão e Sara, era unilateral. Deus tomava as decisões e ditava
as leis. Ele amava o povo, mas o medo do castigo era o motivo de obediência.
Deus era culpado pelo povo quando tudo não estava de acordo com o seu gosto.
Este modelo falhou. Neste texto, Deus está propondo um novo relacionamento, o
que nasce da mente e do coração do povo.
A religião autoritária, dona da verdade e
imposta, usando chantagens, ameaças e medo, não é libertadora! Pode ser bem
sucedida em termos de crescimento numérico e financeiro, mas não deixa de ser
uma forma de opressão. No caso do povo israelita, a vida servil, maléfica do
Egito foi trocada por outra servil, benéfica de mandamentos divinos. Não
deixava de ser uma forma de servidão imposta. Qualquer tipo de servidão provoca
revolta e desobediência.
Jeremias apresenta uma visão libertadora do
Reino de Deus em que o amor é o valor supremo. O amor e lealdade não podem ser
impostos. No amor, as pessoas aprendem e não precisam ser ensinadas. Buscam por
si a sabedoria e o conhecimento... A motivação é interna. Uma religião que
precisa “doutrinar” seus adeptos não é libertadora.
Os fundamentalismos modernos: cristão,
judaico ou islâmico, são sistemas que usam a manipulação para segurar seus
adeptos e incentivá-los a ir contra os demais. Ensinam a “verdade” absoluta
que, em vez de promover amor, fomenta desconfiança, ódio, separação e
hostilidade. Um exemplo é a retirada da Igreja Metodista de órgãos ecumênicos
que incluem a representação da Igreja Católica Romana. O governo do Bush (e continuado
por Obama) dos Estados Unidos é outro exemplo clássico do fundamentalismo
cristão utilizando com arrogância o poder político, econômico e militar para
impor seus valores. Exige conformismo. É opressivo, não libertador.
A nova aliança, baseada no amor e perdão, é
libertadora e ecumênica! Não exige conformismo. Cada pessoa tem a liberdade de
se relacionar com Deus sem a interferência de outras. Ninguém precisa
“converter” a outra.
Viver a nova aliança não é fácil. Exige abrir
mão de muitos preconceitos instalados em nossa cultura: sociais, raciais e
sexuais. Como os profetas do passado, poderemos ser discriminados e julgados
pelos “espirituais”.
JEREMIAS 31.31-34 – NOVA TRADUҪÃO NA
LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)
O
Senhor Deus diz:
—
Está chegando o tempo em que farei uma nova aliança com o povo de Israel e com
o povo de Judá. Essa aliança não será como aquela que eu fiz com os
antepassados deles no dia em que os peguei pela mão e os tirei da terra do
Egito. Embora eu fosse o Deus deles, eles quebraram a minha aliança. Sou eu, o
Senhor, quem está falando. Quando esse tempo chegar, farei com o povo de Israel
esta aliança: eu porei a minha lei na mente deles e no coração deles a
escreverei; eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Sou eu, o Senhor,
quem está falando. Ninguém vai precisar ensinar o seu patrício nem o seu
parente, dizendo: “Procure conhecer a Deus, o Senhor.” Porque todos me
conhecerão, tanto as pessoas mais importantes como as mais humildes. Pois eu
perdoarei os seus pecados e nunca mais lembrarei das suas maldades. Eu, o
Senhor, estou falando.
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