domingo, 4 de dezembro de 2016

EVITANDO O VALE

Pedro disse a Jesus: -Como é bom estarmos aqui,
Senhor! Se o senhor quiser,
eu armarei três barracas neste lugar:
uma para o senhor,
outra para Moisés e outra para Elias.
Enquanto Pedro estava falando,
uma nuvem brilhante os cobriu,
e dela veio uma voz, que disse:
-Este é o meu Filho querido,
que me dá muita alegria.
Escutem o que ele diz!
Mateus 17.4-5 (leia 17.1-9) – NTLH

Foi uma experiência espantosa e gostosa para Pedro, Tiago e João. Tiveram uma visão gloriosa de Jesus. Lá no monte alto seu rosto brilhava como o sol e suas roupas, brancas como a luz. Moisés e Elias apareceram e conversaram com Ele. Foi um momento inesquecível! Valia à pena conservá-lo. Queriam armar três barracas para perpetuar a experiência. Seria bom ficar lá, revivendo tudo que haviam passado naquele momento.

Mas, não era para ser assim. Abaixou uma nuvem brilhante e os cobriu. Uma voz soou com a recomendação “Escutem o que ele diz!”. Este mesmo Jesus que os levou para o monte os conduziu de volta para o vale onde se encontrava a multidão sofredora. Os três queriam ficar no monte, mas Jesus os levou de volta para o vale.

O texto acima retrata as duas grandes polaridades da nossa vida religiosa: a de construir barracas para a curtição da presença divina e a de se perder no vale com a multidão.

Como bons imitadores de Pedro, Tiago e João, ao longo do tempo, a igreja tem investido muito em construir suas “barracas” para resgatar experiências marcantes. Estas “barracas” tomam a forma de prédios, monumentos, lugares de peregrinação, movimentos, instituições, acampamentos, retiros, etc.

Um exemplo é a experiência pentecostal. Lucas é o único evangelista que faz menção de Pentecostes, um acontecimento espontâneo para atender uma situação específica! O Pentecostes tem cativado a imaginação de muitas igrejas no Ocidente. Há grandes esforços para reproduzir a experiência pentecostal. Existem muitos tipos de movimentos pentecostais: avivamento, renovação espiritual, carismático, para citar só alguns. Eles se esforçam para criar condições para o fenômeno pentecostal se repetir.

O problema é que o Espírito Santo não é programável. Sopra onde, como e quando quer… Qualquer programação não passa de manipulação e Deus não é manipulável. Já ouvi este tipo de convite: “Venham a tal lugar, tal horário e Jesus vai fazer curas, libertações e maravilhas”. Alguns chegam a marcar “a tarde da bênção”, sempre na segurança dos templos (barracas). Imaginem! Um Jesus programável! Deus é tão criativo que não vai repetindo as mesmas coisas vez após outra e não precisa da nossa “programação” para operar.

O ministério de Jesus falou bem alto. Voltou ao vale. A “barraca” seria segura e confortável, mas o vale, perigoso e cheio de surpresas. Logo Jesus encontrou um menino possesso, cobrança de imposto e a discriminação. Mais adiante foi a traição, o abandono e, finalmente, a cruz. As “barracas” não têm cruz, a não ser como objeto de enfeite.

Hoje, o vale é mais escuro e mais perigoso do que nunca. O vale precisa de luz, de cura, de compaixão, de esperança. Seguir Jesus seria descer ao vale com Ele. Vivendo a justiça e compaixão podemos não transformar a sociedade, mas, tocarmos a vida de algumas pessoas, ajudando-as a superar as dificuldades alcançando esperanças.

MATEUS 17:1-9 – NOVA TRADUҪÃO NA LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)

Seis dias depois, Jesus foi para um monte alto, levando consigo somente Pedro e os irmãos Tiago e João. Ali, eles viram a aparência de Jesus mudar: o seu rosto ficou brilhante como o sol, e as suas roupas ficaram brancas como a luz. E os três discípulos viram Moisés e Elias conversando com Jesus. Então Pedro disse a Jesus:

— Como é bom estarmos aqui, Senhor! Se o senhor quiser, eu armarei três barracas neste lugar: uma para o senhor, outra para Moisés e outra para Elias.

Enquanto Pedro estava falando, uma nuvem brilhante os cobriu, e dela veio uma voz, que disse:

— Este é o meu Filho querido, que me dá muita alegria. Escutem o que ele diz!

Quando os discípulos ouviram a voz, ficaram com tanto medo, que se ajoelharam e encostaram o rosto no chão. Jesus veio, tocou neles e disse:

— Levantem-se e não tenham medo!

Então eles olharam em volta e não viram ninguém, a não ser Jesus.

Quando estavam descendo do monte, ele lhes deu esta ordem:

— Não contem para ninguém o que viram até que o Filho do Homem seja ressuscitado.



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