domingo, 9 de abril de 2017

APARÊNCIAS E REALIDADE

Ele dizia ao povo:
-Cuidado com os professores da Lei!
Eles gostam de andar para lá e para cá,
usando capas compridas,
e gostam de ser cumprimentados
com respeito nas praças;
preferem os lugares de honra nas sinagogas
e os melhores lugares nos banquetes.
Exploram as viúvas e roubam os seus bens;
e, para disfarçarem,
fazem orações compridas.
Marcos 12.38-40a (leia 12.38-44) – NTLH

A religião representa o melhor e o pior do que está no espírito humano. Liturgias e cerimônias públicas podem ser expressões da beleza e do mistério da vida e de comunhão com o Criador e a sua criação. Ou podem ser disfarces para esconder as feiúras do egoísmo e autopromoção. É provável que, na maioria das vezes, há mistura do melhor e do pior. As instituições eclesiásticas e benéficas podem fornecer oportunidades para pessoas de boa vontade prestarem serviços ao próximo. Podem, também, servir de palcos para pessoas projetarem suas neuroses e ganhar poder e prestígio. O aspecto negativo se manifesta na ostentação, projetando uma fachada de grandeza e autopromoção, dando a ilusão de triunfo e poder. Fica registrado na história e evidente na publicidade. O positivo, muitas vezes, passa desapercebido, por fugir dos padrões de grandiosidade e prestígio.

A passagem do Novo Testamento, Marcos 12.38-44, é uma ilustração deste princípio. Jesus faz uma advertência para não sermos enganados com aparências. O poder é conquistado às custas dos desprotegidos e humildes. Estes são os verdadeiros cidadãos do Reino. A sua contribuição não pesa na balança da elite, e é ignorada e desprezada por ser insignificante. A sua grandeza é oculta, mas é valiosa por que representa sacrifício, auto doação e humildade. Eles não chegam a ocupar lugares de destaque na hierarquia de poder e prestígio. Motivados pela gratidão, são prestativos, sem ambições de engrandecimento pessoal.

Aquela viúva, explorada e empobrecida pela elite, com as últimas duas moedas que lhe sobraram, deu a maior oferta do dia.

A história, escrita por seres humanos, é baseada nas aparências. A história verdadeira é outra!... A realidade é que a marginalização pode ser virtude. Estes marginalizados não se vendem. Não têm preço. Não podem ser comprados.

Desconfio de “oba oba”, de ostentação! É desvio do Reino. O Reino chega “quietinho”, despercebido. Está presente, sem ser notado. Não faz alarde. Não chama atenção para si. Somente os sensíveis o percebem e dão valor.

Jesus nunca foi enganado pelas aparências. Somente Ele percebeu a verdadeira manifestação do Reino aquele dia! Percebeu, também, a futilidade da grandeza aparente e seu fim trágico...

O nosso desafio é adquirir a sensitividade e a sabedoria de enxergar além das aparências, ver as manifestações do Reino, reconhecidas por poucos, e valorizá-las, participando e apoiando-as, mesmo sabendo que isto pode nos levar a sermos, também, marginalizados.

Não conseguir subir a escada socioeconômica não é desgraça. Desgraça é usar a fé como meio de subir, não apenas servir. Não é desgraça ser ignorado e desprezado quando se faz o bem. Desgraça é fazermos o bem em troca de reconhecimento e elogios. As aparências de santidade podem ser fantasias, escondendo uma realidade egoísta. A realidade do Reino foge das aparências.

O Reino é criado do nada! É graça! Como sal e fermento, o Reino é invisível, mas vital!...


MARCOS 12:38-44 – NOVA TRADUҪÃO NA LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)


Ele dizia ao povo:
Cuidado com os mestres da Lei! Eles gostam de andar para lá e para cá, usando capas compridas, e gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças; preferem os lugares de honra nas sinagogas e os melhores lugares nos banquetes. Exploram as viúvas e roubam os seus bens; e, para disfarçarem, fazem orações compridas. Portanto, o castigo que eles vão sofrer será pior ainda!

Jesus estava no pátio do Templo, sentado perto da caixa das ofertas, olhando com atenção as pessoas que punham dinheiro ali. Muitos ricos davam muito dinheiro. Então chegou uma viúva pobre e pôs na caixa duas moedinhas de pouco valor. Aí Jesus chamou os discípulos e disse:

Eu afirmo a vocês que isto é verdade: esta viúva pobre deu mais do que todos. Porque os outros deram do que estava sobrando. Porém ela, que é tão pobre, deu tudo o que tinha para viver.



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