domingo, 8 de maio de 2016

MORTE E ESPERANÇA

No ano em que o rei Uzias morreu,
eu vi o Senhor sentado
num trono alto e elevado.
O seu manto se estendia
pelo Templo inteiro.
Isaías 6.1– NTLH

Muitas vezes é necessário morrer o bom para deixar nascer o melhor. O rei Uzias era bom, mas morreu. Com a sua morte, muitos ficaram apavorados porque Uzias representava esperança diante da ameaça da sua terra ser invadida e conquistada pelo inimigo.

O pavor levou Isaías ao templo, certamente em busca de consolo. Na sua contemplação o medo foi transformado em espanto, espanto de uma visão de uma realidade que transcendia o cenário político. Acima de Uzias existe uma realidade maior. O templo representava o mundo e a presença do Eterno o enchia. Aquele instante marcou a vida de Isaías para sempre. Veio a pergunta: “Quem falaria desta realidade?” Seria quem teve a visão!...

A história não só se repete, mas aumenta a intensidade das ameaças e os “artistas” são mais numerosos. Muitos se apresentam como a única esperança, fazendo promessas e pedindo votos. Movimentos reformistas aparecem, mas, ao ganhar força, ingressam no mundo dos corrompidos pelo poder. Diante deste cenário, alguns perguntam: “Será que existe salvação?”...

Estamos assistindo a morte, muitas mortes, mortes de esperança: esperança de dias melhores, da diminuição da violência, de mais segurança, de saúde melhor, ordenado mais adequado, pensão mais justa, um mundo mais tolerante, religião mais compassiva, mais justiça social. Estamos vendo a morte da humanidade, da natureza, do Planeta Terra, e, aparentemente do Deus de amor e misericórdia. Será que a morte da humanidade é necessária para a salvação da vida?...

Foi somente depois de visão da Morte e da Glória que Isaías passou por uma purificação e se tornou candidato de ser portador de uma nova mensagem: Há um poder que transcende tudo que julgamos importante. Nossos valores são transitórios, nossas respostas inadequadas, nossos ideais limitados. Estando em comunhão e em harmonia com o Eterno, “sucesso” e “fracasso” são secundários. O importante é estar ao lado do bem, da verdade e do amor, sem medir as consequências em relação aos “prejuízos” e “benefícios” pessoais. O importante é confiar o nosso destino nas “mãos” do Eterno e viver pela fé. Além das aparências, o Eterno está alcançando seus desígnios e nós fazemos parte deles.

A coragem do profeta está na certeza da providência divina. Foi a mesma visão de Jesus que vivia como os “lírios do campo” os “pássaros do ar”. Confiava nas providências do Papai. Vivia o amor no mundo de desamor. Morreu amando, mesmo sendo odiado. Esta visão pode ser a nossa também se podemos dizer junto com Isaías: “Aqui estou eu. Envia-me a mim!...”

ISAÍAS 6:1-8 – NOVA TRADUÇÃO NA LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)

No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor sentado num trono alto e elevado. O seu manto se estendia pelo Templo inteiro, e em volta dele estavam serafins. Cada um deles tinha seis asas: com duas eles cobriam o rosto, com duas cobriam o corpo e com as outras duas voavam. Eles diziam em voz alta uns para os outros:

“Santo, santo, santo é o Senhor Todo-Poderoso;
a sua presença gloriosa enche o mundo inteiro!”

O barulho das vozes dos serafins fez tremer os alicerces do Templo, que foi ficando cheio de fumaça. Então eu disse:

— Ai de mim! Estou perdido! Pois os meus lábios são impuros, e moro no meio de um povo que também tem lábios impuros. E com os meus próprios olhos vi o Rei, o Senhor Todo-Poderoso!

Aí um dos serafins voou para mim, segurando com uma tenaz uma brasa que havia tirado do altar. Ele tocou a minha boca com a brasa e disse:

— Agora que esta brasa tocou os seus lábios, as suas culpas estão tiradas, e os seus pecados estão perdoados.

Em seguida, ouvi o Senhor dizer:

— Quem é que eu vou enviar? Quem será o nosso mensageiro?

Então respondi:

— Aqui estou eu. Envia-me a mim!



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