domingo, 15 de janeiro de 2017

COMPAIXÃO OU CASTIGO

“Ame o Senhor, seu Deus,
com todo o coração, com toda a alma
e com toda a mente."
Este é o maior mandamento e o mais importante.
E o segundo mais importante
é parecido com o primeiro:
"Ame os outros como você ama a você mesmo."
Toda a Lei de Moisés
e os ensinamentos dos Profetas
se baseiam nesses dois mandamentos.
Mateus 22.37-40 (leia 22.34-46) - NTLH

É difícil falar do amor sem trivialidades. É um dos assuntos mais abordados e menos vividos. O texto destaca o amor. Abordo-o com receio de perpetuar a banalidade. Jesus está falando do básico, do essencial. É importante entender com coração e mente a mensagem de Jesus.

Talvez somos iguais a menina, Cynthia, que escreveu uma carta para Deus:

“Querido Deus,
Aposto que é muito difícil para Você amar a todas as pessoas no mundo. Na nossa família tem só quatro pessoas e nunca consigo…”
Cynthia

Não podemos falar de amor sem, primeiro, defini-lo. No uso popular, a palavra tem conotações sentimentalistas: adoração, paixão, afeto, etc. Mas o amor “ágape” no Novo Testamento é “desejar o bem de outrem”, também, “exercer compaixão”. A espiritualidade de Jesus é a de “com-paixão” sofrer junto com, tomar as dores de.

O nosso amor para com Deus deve ser holístico, de coração, alma e mente. Seria uma vida integrada, colocando o Divino como o ponto de referência em todas as áreas da vivência. O contrário seria amor esquizofrênico, em que dividimos a nossa vida em compartimentos: igreja-mundo, espiritual-material, discurso-prática, crença-ação, culto-trabalho-lazer, etc.

A convivência filial (incondicional) com Deus nos dá condições de amar o outro como somos amados e como a nós mesmos. Se o nosso relacionamento com Deus é condicional, dependendo de nós cumprirmos um determinado jogo de regras, a compaixão para com os que são diferentes de nós seria difícil.

A teóloga e historiadora *Karen Armstrong escreve, “Todas as religiões do mundo afirmam que a espiritualidade só tem valor quando resulta na prática da compaixão.”*As religiões não conseguem alcançar seu ideal. O valor de uma religião não está na sua crença. Os cristãos dão muito valor à doutrina. Protestantes e católicos são separados porque têm diferenças na doutrina da igreja. Há divisões entre protestantes por causa de interpretações diferentes do Espírito Santo. Os fariseus colocavam práticas religiosas acima do bem estar do ser humano. Jesus afirmou que as normas legais de Moisés e a justiça social dos profetas são fundadas no amor.

O amor (compaixão) está acima de qualquer doutrina ou prática religiosa. As leis e normas foram criadas por causa de falta de amor. Com amor, não há necessidade delas. Cada um contribuiria espontaneamente para o bem estar dos demais. O problema é que, uma vez criadas, colocamos as leis, normas e doutrinas acima do amor. Idolatramos os nossos sistemas e prejudicamos os outros para mantê-los. Em vez de compaixão, praticamos o castigo. “O maior…é o amor.” (1 Coríntios 13.13)

*Em Nome de Deus: O Fundamentalismo no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo, 2001 Companhia Das Letras, página 31. (nota: leia este livro para entender melhor o que se passa no cenário internacional)


MATEUS 22:34-46 – NOVA TRADUҪÃO NA LINGUAGEM DE HOJE 2000 (NTLH)

Os fariseus se reuniram quando souberam que Jesus tinha feito os saduceus calarem a boca. 35 E um deles, que era mestre da Lei, querendo conseguir alguma prova contra Jesus, perguntou:

— Mestre, qual é o mais importante de todos os mandamentos da Lei?

Jesus respondeu:

— “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente.” Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: “Ame os outros como você ama a você mesmo.” Toda a Lei de Moisés e os ensinamentos dos Profetas se baseiam nesses dois mandamentos.

A pergunta sobre o Messias
Quando os fariseus estavam reunidos, Jesus perguntou a eles:

— O que vocês pensam sobre o Messias? De quem ele é descendente?

— De Davi! — responderam eles.

Jesus tornou a perguntar:

— Então, por que é que Davi, inspirado pelo Espírito Santo, chama o Messias de Senhor? Pois Davi disse:

“O Senhor Deus disse ao meu Senhor:
‘Sente-se do meu lado direito,
até que eu ponha os seus inimigos
    debaixo dos seus pés.’ ”
Portanto, se Davi chama o Messias de Senhor, como é que o Messias pode ser descendente de Davi?

Ninguém podia responder mais nada, e daquele dia em diante não tiveram coragem de lhe fazer mais perguntas.



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