segunda-feira, 1 de junho de 2009

CACIQUE SEATTLE

Ao Deus Eterno pertencem o mundo e tudo o que nele existe; a terra e todos os que nela vivem são dele.

Salmo 24.1

O salmista declara “Ao Deus Eterno pertencem o mundo e tudo o que nele existe”. Esquecemos que a terra não nos pertence. Em 1854 o então presidente dos Estados Unidos mandou uma proposta ao Cacique Seattle: comprar uma grande extensão de terras em troca da criação de uma reserva para o seu povo! Transcrevo alguns trechos da carta que o Cacique mandou respondendo:

Como se pode comprar ou vender o firmamento, ou ainda o calor da terra? Tal idéia é-nos desconhecida. Se não somos donos da frescura do ar nem do fulgor das águas como poderão vocês comprá-los?...

Somos parte da terra e do mesmo modo ela é parte de nós próprios. As flores perfumadas são nossas irmãs, o veado, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos; as rochas escarpadas, os úmidos prados, o calor do corpo do cavalo e do homem: - todos pertencemos à mesma família...

Por tudo isto, quando o Grande Chefe de Washington nos envia a mensagem de que quer comprar as nossas terras, está a pedir-nos demasiado. Também o Grande Chefe nos diz que nos reservará um lugar em que possamos viver confortavelmente uns com os outros. Ele se converterá, então, em nosso pai e nós em seus filhos...

Sabemos que o Homem Branco não compreende o nosso modo de vida. Ele não sabe distinguir um pedaço de terra de outro, porque ele é um estranho que chega de noite e tira da terra o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga e, uma vez conquistada, ele segue o seu caminho, deixando atrás de si a sepultura de seus pais, sem se importar com isso!

Rouba a terra aos seus filhos: também não se importa! Tanto a sepultura dos seus pais como o patrimônio dos seus filhos é esquecido. Trata a sua Mãe, a Terra, e o seu irmão, o Firmamento, como objetos que se compram, se exploram e se vendem como ovelhas ou contas coloridas. O seu apetite devorará a terra deixando atrás de si só o deserto.

Não sei, mas a nossa maneira de viver é diferente da vossa. Só de ver as vossas cidades entristecem-se os olhos do Pele Vermelha. Mas talvez seja porque o Pele Vermelha é um selvagem e não compreende nada.

Não existe um lugar tranqüilo nas cidades do Homem Branco, não há sítio onde escutar como desabrocham as folhas das árvores na Primavera ou como esvoaçam os insetos.

Mas talvez isto também seja porque sou um selvagem que não compreende nada. Basta o ruído para insultar os nossos ouvidos. Depois de tudo, para que serve a vida se o homem não puder escutar o grito solitário do noitibó, nem as discussões noturnas das rãs nas margens dum charco? Sou Pele Vermelha e nada entendo. Nós preferimos o suave sussurrar do vento sobre a superfície dum charco, assim como o cheiro desse mesmo vento purificado pela chuva do meio-dia ou perfumado com o aroma dos pinheiros...

O ar tem um valor inestimável para o Pele Vermelha, uma vez que todos os seres partilham um mesmo alento - o animal, a árvore, o homem, todos respiramos o mesmo ar.

O Homem Branco não parece estar consciente do ar que respira; como um moribundo que agoniza durante muitos dias é insensível ao mau cheiro....

Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra...

Veremos isso. Sabemos uma coisa que talvez o Homem Branco descubra um dia: o nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar nesta altura que Ele vos pertence, do mesmo modo como desejam que as nossas terras vos pertençam; porém não é assim. Ele é o Deus dos homens e a Sua compaixão reparte-se por igual entre o Pele Vermelha e o Homem Branco. Esta terra tem um valor inestimável para Ele, e, se a estragarmos, isso provocará a ira do Criador...

Contaminem os vossos leitos e uma noite morrerão afogados nos vossos próprios detritos...

São palavras proféticas para os nossos dias.

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